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Política

Distritão favorece campanhas mais ricas, afirmam vereadores da Capital

Parlamentares apontam prejuízos aos partidos menores e diminuição da representatividade de alguns setores da sociedade

Richelieu de Carlo | 16/08/2017 15:35
Vereadores durante sessão da Câmara. Nas próximas eleições, regras serão diferentes. (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)
Vereadores durante sessão da Câmara. Nas próximas eleições, regras serão diferentes. (Foto: Izaías Medeiros/CMCG)

Vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande acreditam que o modelo de eleição conhecido como 'distritão' vai reduzir representatividade de alguns setores da sociedade, além de favorecer candidatos com maior poder financeiro e os mais conhecidos pela população. Há quem opine, porém, que a fórmula é mais justa, apesar de não ser a ideal.

Pelo modelo chamado de 'distritão', aprovado pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a Reforma Política e que pode valer nas próximas eleições, os estados e municípios se tornam um distrito eleitoral e funcionará para a escolha de deputados federais, estaduais e vereadores.

Sendo assim, serão eleitos os candidatos mais votados, como acontece atualmente na eleição para senadores, em que não é levado em conta os votos para partidos e coligações, sendo descartada a necessidade de cálculo para averiguar o quociente partidário.

Dessa forma, nas eleições municipais do ano passado, seis vereadores, que estão hoje na Câmara de Campo Grande, não conseguiriam se eleger, pois só tiveram sucesso por causa dos votos que seus partidos tiveram. Enquanto isso, candidatos com maior número de votos ficaram de fora, porque suas legendas não conseguiram votação expressiva.

Um dos que ficaria de fora seria o vereador Hederson Fritz (PSD), que tem apoio expressivo da enfermagem. Para ele o distritão vai trazer prejuízos para a sociedade, pois vai reduzir a representação de setores da sociedade nas Casas de Leis. "Hoje você tem um modelo complexo,mas tem representatividade garantida de todos os segmentos", avalia.

Outro fator apontado por Fritz é o desequilíbrio causado pelo poder econômico diferente entre as candidaturas. "O distritão, na forma hoje de financiamento político, vai privilegiar quem tem mais investimento financeiro, isso restringe a amplitude de representatividade da sociedade".

Eduardo Romero acredita que os partidos menores serão prejudicados.
Eduardo Romero acredita que os partidos menores serão prejudicados.

Já Eduardo Romero (REDE) acredita que o novo modelo tende a valorizar quem tem mais "fama", quem já está no poder e quem tem mais recursos financeiros. Porém, se diz mais preocupado em o 'distritão' ser uma transição para a utilização do 'distrital misto', previsto para ser adotado no pleito de 2022.

"O que mais me deixa preocupado é você ter uma regra de transição com o distrital para essa eleição e depois distrital misto para as outras eleições Então vamos logo de distrital misto. Qual é o medo da classe política em aceitar a mudança?", questiona Romero.

Para o parlamentar, essa manobra visa "salvar" quem já possui cargo eletivo, evitando uma mudança abrupta no quadro político.

Romero avalia que o 'distritão' reforça a pouca importância dos partidos, já que o brasileiro não é de votar na ideologia partidária, e sim por afinidade pessoal. "Para a democracia isso é ruim. O distritão ele acaba com partido, porque vale a popularidade da pessoa e o recurso financeiro que ela tem".

Campeão de votos nas eleições de 2016, o vereador André Salineiro (PSDB) acredita que o novo modelo tem mais pontos positivos do que negativos. "O distritão veio para acabar com aquele história dos puxadores de voto", defende. Os "puxadores" são os candidatos que recebem muitos votos e acabam elegendo, por tabela, membros da coligação que não tiveram votos suficientes para tanto.⁠⁠⁠⁠

“O distritão favorece políticos de longa data e prejudica aquela pessoa que quer entrar no mundo da política e tem apenas 45 dias para fazer isso numa campanha eleitoral”, avalia Salineiro. “O ideal seria o distrital misto, que é uma tendência para 2022. Agora eu pergunto, por que não coloca agora, por que vai passar por distritão e depois mudar?”

No gráfico abaixo, veja como funcionam os diferentes modelos de eleição proposto pela Reforma Política para os cargos de vereadores, deputados estaduais e federais. Sendo que sistema proporcional é como funciona atualmente.

O 'distritão' tem previsão de ser implantado no pleito de 2018. Enquanto o 'distrital misto' pode ser adotado em 2022.

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