Dono de gráfica e ex-secretário são presos na quarta fase da Lama Asfáltica
André Cance, ex-secretário-adjunto da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) e o dono da gráfica Alvorada, Micherd Jafar Junior, foram presos nesta quinta-feira (11), na quarta fase da Operação Lama Asfáltica, chamada de Máquinas de Lama. O ex-governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), foi levado para depor na PF (Polícia Federal) e, como alternativa à prisão, vai usar uma tornozeleira eletrônica.
Conforme a PF, a prisão é preventiva, aquela que não tem duração estipulada. Ainda há um terceiro mandado de prisão, mas até o fechamento deste texto, a Polícia Federal não havia informado o nome e se a detenção foi cumprida.
Não detalhou também os fatos atribuídos a cada um. Às 10 horas, será dada uma coletiva de imprensa para explicar os detalhes da operação. Nesta manhã, são cumpridos 44 mandados entre prisões, condução coercitiva – quando a pessoa a obrigada a depor -, busca e apreensão em quatro cidades de MS e outro dois estados.
Alvorecer – No dia 22 de dezembro de 2014, a PF (Polícia Federal) interceptou ligação entre André Cance, que foi secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Fazenda, e o então governador André Puccinelli. No diálogo, ele menciona que precisa falar com Cance para “que amanhã tenha uma boa alvorada”.
Em seguida, Cance liga para Micherd Jafar Junior, dono da Gráfica Alvorada, e marca um encontro imediato.A suposição é de que o encontro teve por finalidade o recebimento de propina. No dia 26 de dezembro, em novo telefonema, Puccinelli lembra Cance de levar documentos e especificou que tinha “mais os outros da gráfica também”.
Cance responde que já conseguiu o da gráfica e se é para levar também. No dia 29 de dezembro, a conversa entre o empresário João Amorim e Cance seria, conforme a a investigação, sobre repasse de valor recebido na Gráfica Alvorada.
Os áudios constam na primeira fase da Lama Asfáltica, realizada em 9 de julho de 2015. Ate então, a gráfica era apontada como fonte de pagamento de propina e elo entre o ex-governador e um esquema de desvio de dinheiro público.
A preferência do governo estadual pela gráfica se intensificou no quarto trimestre de 2014, no fim do mandato de Puccinelli.
Máquinas de Lama - Ainda de acordo com a Polícia, a nova fase foi desencadeada depois de investigação em provas colhidas em fases anteriores. As fraudes em licitações, superfaturamentos em obras públicas e pagamento de propinas desviaram valor estimado em R$ 150 milhões.
A quarta fase foi intitulada Máquinas de Lama, pois de acordo com a Polícia Federal, os valores de propina pagos eram justificado com o aluguel de máquinas, geralmente com o único propósito de justificar os pagamentos.