'É ranço político', diz prefeito um dia após ser desarmado por moradores e preso
Ele explica que motivo da briga não foi Bolsonaro, ao qual também apoia, e sim divergências locais
A confusão envolvendo o prefeito de Rio Verde de Mato Grosso, no norte do Estado, às margens da BR-163, continua 'em alta' neste fim de semana. Ao contrário do que se acreditou, o motivo da briga não foi o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como foi espalhado nas redes sociais, e sim divergências políticas locais.
Tudo começou na tarde de sábado (20), quando o prefeito passava pelo local onde está instalado um outdoor em homenagem a Bolsonaro. De acordo com o próprio prefeito, Mário Kruger (PSD), ele estava indo para uma fazenda justo naquele momento. No local da confusão, um dos presentes era o vereador conhecido como Fabinho Borracheiro.
"Passei ali e vi pessoas gritando, xingando. Então parei e já começaram as agressões", conta Kruger, que está em seu terceiro mandato, o segundo seguido, e não poderá mais concorrer a reeleição. "Eles me cercaram e começou aquilo tudo lá".
Sobre o revólver que estava com ele, Mário Kruger frisa que o carregava pois estava indo sozinho para a fazenda. Ele diz que a arma estava na cintura e, sem que percebesse, ela foi tomada pelos que ali estavam o confrontando.
"Eu não estava bêbado. Eles é que aparecem com cerveja na mão. Um amigo meu que estava lá, o que aparece de camisa vermelha, é policial aposentado e me ajudou a ir embora. Depois quando eu já estava em casa é que polícia apareceu e pediu para eu ir até a delegacia".
Kruger foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo com uso permitido e liberado após pagar R$ 15 mil de fiança, segundo nota da Polícia Civil de Rio Verde. "Estou em Campo Grande agora pois é aniversário da minha neta. Certeza que daqui a pouco pipoca algo dizendo que fugi da cidade", ironiza.
Bolsonarista - Kruger ressalta ser bolsonarista, tal como os que instalavam o painel à beira da estrada. Contudo, afirma que a confusão foi causa por rixas políticas locais. "É ranço político. Esse povo é muito rancoroso. Já colocaram drone para me seguir e granada no meu pátio. Até isso já fizeram", revela.
Um dos presentes na discussão e que gritava pedindo para que a polícia fosse chamada é o vereador e opositor do prefeito, Fabio de Oliveira Souza, o popular Fabinho Borracheiro (PRTB). Ele aparece de camisa rosa e tipoia no braço esquerdo e também frisa.
Nas mesmas imagens, é possível o ver gritando para que a arma que foi tomada de Kruger não fosse guardada, e sim deixada ali até que aparecesse a polícia. A confusão só parou quando o homem de vermelho, ao qual o prefeito diz ser seu amigo, pega a arma e retira suas seis munições, todas intactas. Todo o material foi apresentado à Polícia Civil.
"São pessoas que respondem vários processos", diz o prefeito sobre seus opositores. A situação se confirma quanto a Fabinho, que foi condenado recentemente a quatro anos e quatro meses de reclusão por receptação qualificada de gado furtado.
Como foi autuado em flagrante, Kruger vai responder por posse ilegal de arma de fogo, em liberdade. "Eventuais ameaça e ofensas não restaram evidenciadas pelos depoimentos das testemunhas e serão investigadas posteriormente", frisa a Polícia Civil.
Na mesma nota, a Polícia Civil de Rio Verde afirma que a conduta dos demais envolvidos na confusão também será apurada posteriormente. Nas imagens, é possível ver que o homem que toma o revólver afirma diz que "quero ver quem vai matar quem aqui", possivelmente em resposta a alguma ameaça. Ele chega a apontar a arma para o prefeito.
Quem é Kruger - Com 72 anos, Mário Alberto Kruger é uma figura, de certa forma, controversa. Eleito em 2012 prefeito em chapa pura pelo PT, com Dinalvinha Viana como vice, ele migrou para o PSC em 2016, onde foi reeleito para comandar a prefeitura.
Apesar da mudança, ele seguiu aliado ao PT, tendo novamente Dinalvinha como vice. Na primeira eleição ele contou com 6 mil votos, enquanto na segunda foram 5.404 votos. Apesar de sua aliança com o PT, ele se considera bolsonarista.
Em sua página no Facebook, por exemplo, ele promove a Semana da Pátria, que tem relação com o movimento nacionalista ao qual o bolsonarismo está interligado. Neste ano, a confusão com opositores é a segunda grande polêmica envolvendo seu nome.
A primeira aconteceu em agosto, quando Kruger foi denunciado à polícia por injúria após dizer em seu programa que a cabeleireira Thayla Almeida não tinha utilidade alguma. Anteriormente, ela fez um vídeo criticando o trabalho do prefeito - que desde agosto está filiado, junto a outros secretários, ao PSD.