Eleitor se retrata em vídeo, após vereador registrar BO por comentário nas redes
Registro foi apagado da página institucional e presidente da câmara gravou vídeo pedindo desculpas
Vídeo de retratação de eleitor do município de Nioaque, distante 180 quilômetros de Campo Grande, foi postado na manhã desta segunda-feira, nas redes sociais da Câmara de Vereadores após o presidente da instituição, vereador Danilo Bortoloni Catti (PSDB), registrar um boletim de ocorrência por comentário postado no Facebook.
No dia 2 de abril, Silvado Cerci, postou o seguinte comentário em página oficial da câmara: “Ano eleitoral todos vereadores mamando na teta...que vergonha, lastimável, infelizmente temos que ver isso”.
A publicação a que o comentário se referia se tratava de registro de despedida do vereador suplente Erdilei Corrêa (PEN) que ocupava a cadeira da vereadora licenciada Cândida Thereza (SOL) por três anos e três meses.
O presidente da Casa de Leis ficou ofendido com o comentário e chegou a registrar boletim de ocorrência contra Silvado. Mais de dez dias depois, vídeo do eleitor se retratando foi postado na página da instituição.
Ao lado de uma servidora, que explica a situação, Silvado lê um texto com o pedido de desculpas. “Eu venho aqui pedir desculpas a todos os vereadores que compõem essa mesa pelos transtornos causados. Sirvo-me também da presente para reestabelecer a verdade e a idoneidade de todos os ofendidos e comprometendo-me de hora em diante que não mas farei comentários a gestão publica, sendo tanto do Executivo quanto do Legislativo”, afirmou em trecho.
Ao se depararem com o vídeo com pedido de desculpas, postado hoje, os moradores da cidade interpretaram a situação como constrangimento público. “Totalmente desnecessário fazer um vídeo dele pedindo desculpas. Lamentável, Sr Silvado não tinha que pedir desculpas não! O senhor e muita gente daqui tem a mesma opinião do senhor, isso foi uma humilhação para um senhor de idade”, afirmou uma das pessoas.
“Não sofri pressão” - Depois da polêmica, na tarde de hoje, o presidente da Câmara foi até a casa de Silvado e gravou outro vídeo ao seu lado para explicar a situação. O vereador reconhece que registrou boletim de ocorrência contra o eleitor, mas nega que tenha forçado ele a gravar a retratação.
Segundo Catti, fazia oito dias que ele não via Silvado, portanto, desde que procurou a polícia. “Isso não dá o direto de falar o que a pessoa quer”, se justificou.
No vídeo, sentado ao lado do vereador, Silvado afirma que foi até a câmara gravar o vídeo por vontade própria. “Não fui oprimido por ninguém. Não sofri pressão de ninguém. Fui de livre e espontânea vontade. Não foi nenhum dos vereadores que me abrigou a ir até lá”, disse mesmo com o registro policial em aberto.