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Política

Em 1 hora de depoimento, Olarte nega agiotagem e promessa de favores

Implicados na Operação Adna foram ouvidos nesta sexta-feira no TJ

Mayara Bueno e Leonardo Rocha | 05/02/2016 12:40
Gilmar Olarte, prefeito afastado, foi ouvido no TJMS. (Foto: Marcos Ermínio)
Gilmar Olarte, prefeito afastado, foi ouvido no TJMS. (Foto: Marcos Ermínio)

O ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), negou as acusações que pesam sobre ele no processo em que é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, decorrente da chamada Operação Adna (sigla da Assembleia de Deus Nova Aliança, igreja de Olarte). Ele depôs no TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), nesta sexta-feira (5), na audiência de instrução conduzida pelo desembargador Luiz Claudio Bonassini.

Em seu depoimento, que durou 1 hora e 20 minutos, ele disse que soube, após pessoas lhe fazer cobranças, que havia dívidas da campanha eleitoral de 2012 e, por isso, seu ex-assessor, Ronan Feitosa, estava tentando levantar dinheiro.

Mais cedo, durante seu depoimento, Ronan admitiu ter pego cheques e dinheiro emprestados para saldar dívidas com cabos eleitorais da campanha para a Prefeitura de Campo Grande, encabeçada por Alcides Bernal (PP).

Gilmar Olarte disse também que pediu, após saber sobre o cheques, a exoneração de Ronan na prefeitura, o que não foi feito por Bernal.

Ao desembargador, Gilmar Olarte reafirmou que os cheques começaram a ser trocados no fim de 2012, quando ele “nem havia sido empossado vice-prefeito”. “Se os cheques fossem meus eu os pagava. Pedi pro Pimentel (Rodrigo, secretário de governo, na gestão de Olarte) levantar o que estava ocorrendo e ele disse não tinha nada contra mim”.

O prefeito afastado negou também que tenha prometido cargos ao ex-assessor, “apenas apoio a mãe dele, pois estava desesperada com as ameaças contra o filho”. Sobre Salem Vieira, um dos agiotas que teria cobrado, Olarte disse que não conhecia e nunca esteve com ele.

“Existe um grande equívoco comigo. Quando está no poder fica mais bonito e atrativo. Nenhum momento quis levantar valor dos cheques. A dívida não era minha”, disse.

Sobre a denúncia de que ele teria recebido R$ 30 mil, o prefeito afastado reiterou o que foi dito por Ronan. O dinheiro teria sido doado por uma pessoa chamada de “Ito” para a igreja pagar gastos de uma festa beneficente, como contratação de pessoas e demais despesas. “Não tive contato com o dinheiro”, afirmou em depoimento.

Olarte também falou que “Edmundo, Ricardo, Marli Débora”, pessoas que teriam emprestado cheques, o procuraram para receber os valores. “Eles disseram que estavam usando meu nome, mas então foi de forma indevida. Eles me procuraram pra receber, mas disse a eles que eu não tinha nada a ver com aquilo. Minha ajuda só foi pra apoiar a família, que estava sendo ameaçada”.

Para a defesa de Ronan, Olarte ainda disse que Bernal prometeu aporte financeiro na campanha, o que não foi cumprido. Disse, ainda, que as denúncias "são de cunho político". O depoimento do prefeito afastado começou às 11h15 e terminou às 12h35, com a presença de seu advogado de defesa, Jail Azambuja.

Gilmar Olarte, Ronan Feitosa e Luiz Márcio Feliciano são réus em processo de lavagem de dinheiro e corrupção passiva decorrente da Operação Adna. Os três foram ouvidos nesta sexta-feira. Em novembro passado, aconteceu a primeira audiência de instrução, na qual foram ouvidos as testemunhas de acusação e vítimas no caso.

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