Ex-prefeito apresenta notas e diz que vai processar JBS por danos morais
Nelson Cintra foi apontado como um dos produtores que emitiam notas frias para maquiar pagamento de propina
Nelson Cintra, ex-prefeito de Porto Murtinho, enviou à imprensa na tarde desta segunda-feira (22) uma nota fiscal que, segundo ele, comprova a venda de gado de propriedade dele à JBS. Cintra foi listado na delação da empresa à Operação Lava Jato como um dos emissores de notas frias para maquiar o pagamento de propina ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Em texto enviado à imprensa, o ex-prefeito, que até março ocupou cargo no governo, diz que a própria JBS comprovou o recebimento de gado para abate, por meio de nota.
“É um absurdo a declaração de dono da JBS de que a nota que emiti sobre venda de gado para abate seria ‘fria’, se o próprio frigorífico emitiu a Nota de Entrada comprovando o recebimento de gado para abate”, afirmou.
Cintra disse que fornece gado para abate desde o fim da década de 1990 e nesse tempo de atividade pecuária nunca foi interpelado e nem denunciado, pois mantém sua atividade rural dentro da legalidade, pagando todos seus impostos e encargos decorrentes da operação.
De acordo com os documentos apresentados por Cintra, em 20 de setembro de 2016 vendeu ao frigorífico JBS S/A - situado na Avenida Duque de Caxias 7.255, Vila Nova Campo Grande, em Campo Grande - 136 cabeças de novilhos de 24 a 36 meses para abate. Por essa operação, a JBS S/A emitiu a nota fiscal de entrada número 043.015, pagando pela compra R$ 296.667,00, o que pode ser comprovado em seu extrato bancário. Na nota está especificada a compra de gado para abate e industrialização.
Cintra argumenta ainda que o transporte de gado foi inspecionado pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal), “como se comprova pelas Guias de Trânsito Animal (GTA)”.
Segundo Nelson Cintra, todo o gado vendido à JBS saiu de sua propriedade, Fazenda Santa Lúcia, no município de Porto Murtinho, com GTA e nota fiscal de venda, depois comprovada com nota fiscal de entrada, como exige o fisco em todas as transações comerciais.
Cintra disse ainda que , por meio de DAE/MS (Documento de Arrecadação Estadual) recolheu taxas correspondentes ao Fundersul (Fundo Estadual de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário), no valor de R$ 1.697,07.
“Como se vê, não tenho o que esconder. O que me assusta é uma alegação falsa lançada a público como se fosse um crime”, lamenta Nelson Cintra. O ex-prefeito disse ainda que pretende pedir reparação dos danos morais causados pelos donos da JBS.
“Realizei uma venda normal, como faço há anos, agora é preciso investigar qual foi a intenção da JBS em divulgar uma mentira dessa”, finalizou.