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Política

Lava Jato busca na Capital e 11 cidades endereços de planilha da propina

Aline dos Santos | 26/09/2016 12:14
PF realiza hoje a 35ª fase da operação Lava Jato. (Foto: Fernando Antunes)
PF realiza hoje a 35ª fase da operação Lava Jato. (Foto: Fernando Antunes)

Com foco no ex-ministro Antônio Palocci, a 35ª fase da operação Lava Jato cumpriu mandados de busca e condução coercitiva hoje (dia 26) em Campo Grande e mais 11 cidades em endereços relacionados a planilha de registro de pagamento de propina pela empresa Odebrecht.

De acordo com a PF (Polícia Federal), as buscas e apreensões foram em endereços de planilha recuperada. “A gente conseguiu identificar alguns agentes inclusive que são funcionários públicos e que suas funções envolvem prováveis contratos com a Odebrecht”, afirma o delegado Filipe Pace, durante entrevista coletiva realizada no Paraná, que concentra a operação. Contudo, a policia não divulgou os nomes dos alvos em cada Estado. Em Campo Grande, foram dois mandados: um de busca de apreensão e outra de condução coercitiva.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal do Paraná), os diversos mandados de busca e apreensão cumpridos hoje foram expedidos para apurar outros fatos, com base na recuperação de arquivos eletrônicos relacionados a diversas outras entregas de valores ilícitos pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. “Os endereços das entregas serviram de base para levantamentos que conduziram à identificação de pessoas físicas e jurídicas possivelmente relacionadas ao recebimento de propinas”, informa.

Conforme a procuradora Laura Tessler, a operação Omertá, como foi batizada essa fase da Lava Jato, mostra atuação intensa e reiterada do Palocci na defesa de interesses da empresa perante a administração pública. “Envolvendo contratos com a Petrobras, medidas legislativa. A atuação de se deu com pactuação e recebimento de contrapartida em favor do PT. Palocci atuaca como gestor  da conta. De 2006 até novembro de 2013”, diz

A investigação identificou que entre 2008 e o final de 2013 foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci, com saldo remanescente de R$ 70 milhões. O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil foi identificado na planilha como “italiano”. A pedido da PF, foram presos Palocci, Branislav Kontic (ex-assessor do ministro) e Juscelino Antonio Dourados (que foi chefe de de gabinete de Palocci).

Bumlai - O repasse a Antônio Palocci também envolveria aquisição de terreno inicialmente destinado à construção da nova sede do Instituto Lula, referido na planilha pela rubrica “Prédio (IL)”. Além do repasse de mais de R$ 12 milhões anotados na planilha “Programa Especial Italiano”, vinculados a “IL”.

Antônio Palocci participou de reunião com Marcelo Odebrecht e recebeu, por intermédio de Branislav Kontic, documentos encaminhados via e-mail pelo presidente do grupo empresarial, relacionados à compra do terreno

Conforme o Ministério Público, outra prova analisada se refere à minuta de contrato do terreno encontrada no sítio usado pelo ex-presidente Lula, em que constava José Carlos Bumlai, como adquirente, e representado por Roberto Teixeira.

Em depoimento, Bumlai afirmou que se recusou a figurar como comprador do imóvel, tendo sido, de fato, identificado que a compra se deu em favor de pessoas vinculadas à Odebrecht. Pecuarista de Mato Grosso do Sul e amigo de Lula, Bumlai foi condenado em processo da 21ª fase da Lava Jato, por crimes de gestão fraudulenta e corrupção passiva.

Omertá - A operaçao teve 45 ordens judiciais, sendo 27 mandados de busca e apreensão, 3 mandados de prisão temporária e 15 mandados de condução coercitiva. Os locais foram São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
O nome Omertá, dado à investigação policial, é referência a origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência ao principal investigado da fase ("italiano"), bem como ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht.

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