Mário César diz que Bernal tenta jogar “Câmara contra a sociedade”
O presidente da Câmara de Vereadores, Mário César (PMDB, disse hoje, em entrevista ao Campo Grande News, que o prefeito Alcides Bernal (PP) está tentando “jogar a Câmara contra a sociedade”, quando diz que sua administração está sendo engessada pelas ações do Legislativo. Durante a posse da vereadora Thais Helena, do PT, na pasta da Secretaria de Ação Social, Bernal disse que as medidas engessaram e transformaram sua administração “em refém”.
Uma das reclamações de Bernal é quanto à redução do percentual de suplementação, de 30% para 5% para a abertura de créditos adicionais a serem utilizados pela Executivo sem necessidade de aprovação por parte da Câmara. “Suplementação é algo que vem a mais. Quando ele [Bernal] fala que a Câmara, ao baixar de 30% para 5% vai fazer com que não atenda seu mandato, não é verdade”, reagiu o presidente.
Ele enfatizou que o orçamento votado é de R$ 2,798 bilhões, mais 5% de suplementação, o que corresponde a mais R$ 139 milhões, perfazendo quase R$ 3 bilhões. “Ele não vai gastar R$ 3 bilhões em dois meses. Se houver suplementação, é no final do ano. Até porque, de três em três meses ele deve ir à Câmara para fazer a prestação de contas, e ao fazer isso, se mostrar que precisa de mais recursos, além dos 5%, é claro que será dado”, disse Mário César.
“Esse discurso de que a Câmara o engessou, não é verdadeiro. Ele já tem o orçamento de R$ 3 bilhões para trabalhar e nem gastou e está achando que não vai ter recursos. As pessoas que não entendem acham que isso é maldade da Câmara, e não é verdade. Quando nós fizemos isso, é porque já estava se desenhando uma linha de não comunicação, que ele não queria realmente um relacionamento com a Câmara”.
Mário César aproveitou para dizer que até agora, desde que assumiu a presidência no dia 1ª, ainda não foi recebido pelo prefeito para conversar. “Já enviei ofício, e ainda hoje estou novamente mandando ofício. Não é o Mário César que precisa conversar com o prefeito. Vou junto com a Mesa Diretora. É a instituição, o Poder Legislativo, que precisa falar com o Executivo”, disparou.
Falando ainda sob as reclamações de Bernal, o presidente do Legislativo disse que o prefeito deixou a critério do Legislativo as discussões sobre o projeto do IPTU e também sobre o reajuste do salário do prefeito. “A Comissão de Orçamento e Finanças esteve com ele para discutir IPTU, orçamento e o aumento do salário dele. Sobre o IPTU e o aumento do salário, ele disse: não vou me posicionar, façam o que vocês acharem melhor”.
Quanto ao orçamento, Mário César disse “que o prefeito queria todo o orçamento para ele, sem nenhuma emenda parlamentar e ainda que fosse mantido os 30%”. “Nos oito anos em que André Puccinelli foi prefeito e também nos oito anos que Nelsinho Trad comandou a prefeitura, eles vinham à Câmara e discutiam o orçamento. E o Bernal sabe disso, porque quando eu fui presidente, nos dois primeiros anos quando fomos vereadores juntos, eu o levava ao prefeito para discutir suas emendas”, revelou. Segundo, César, por consenso, os vereadores decidiram incluir três emendas por parlamentar.
O projeto do IPTU do então prefeito Nelsinho Trad, que previa um aumento de 5,31% para os terrenos, recebeu uma emenda da Câmara congelando o aumento. Quanto ao reajuste do salário, Mário Cesário disse que o reajuste é normal e ocorre anualmente em todos os poderes.
Apesar das divergências, o presidente da Câmara busca um entendimento. “Queremos um relacionamento muito bom. Campo Grande não pode parar, e a Câmara é vitrine, porque representa partidos, entidades de classe. Queremos ajudar o prefeito a fazer uma boa administração”, diz Mário César. Ele lembra que assim que acabou a disputa pela Mesa Diretora (com a vereadora Rose Modesto, do PSDB), todos os 29 vereadores estão unidos em prol do Legislativo. “Esse mesmo espírito queremos levar para o prefeito. Vamos fazer uma administração participativa”,
Sessões itinerantes – Nesta gestão que inicia agora frente à Câmara, Mário César pretende aproximar ainda mais a Câmara da população. “Queremos melhorar a comunicação com a sociedade. Divulgar melhor o que estamos fazendo, fazer com que a informação chegue lá na ponta”, afirmou, destacando que a imprensa será fundamental. “A imprensa é o melhor meio de comunicação para divulgar o que estamos fazendo”, destacou.
A realização de sessões itinerantes, pelo menos duas vezes por mês, é a outra ação que será colocada em prática de maneira sistemática em 2013. Nos últimos quatro anos, a Câmara realizou, no total, 28 sessões: 13 itinerantes e 15 comunitárias. “Vamos aos bairros, realizar sessões nas associações de moradores, nas sedes das entidades e segmentos de classe. A meta é estreitar o relacionamento com todos os segmentos”, concluiu o presidente da Câmara.