Nas cinzas, PT aposta em 'brother' para ressurgir na política de MS
Com quase todas as principais lideranças envolvidas em escândalos, presas ou condenadas, partido vê Mamão como possível salvação
Renegado às cinzas depois da série de escândalos que vão desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff até a prisão do agora ex-senador Delcídio do Amaral e, mais recentemente, a condenação de José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, na farra da publicidade, o Partido dos Trabalhadores quer pegar carona na projeção do participante Ilmar Renato Fonseca, o Mamão, no BBB (Big Brother Brasil) para voltar a ter expressão no cenário político de Mato Grosso do Sul.
Tradicional rival dos peemedebistas no Estado, o PT está nas cinzas. Não elegeu um prefeito sequer ano passado, por exemplo – sem contar que, entre 2012 e 2016, havia perdido para outros partidos oito dos 14 que tinha.
Além disso, está sem integrantes de grande renome para a disputa do pleito em 2018. Uma vez que a 'velha guarda' da sigla está quase toda envolvida em investigações ou já condenada.
Antes de ir para o BBB, no entanto, Mamão participava das articulações para as eleições internas dos diretórios do partido. Agora, internamente, é projetado como potencial nova estrela do partido em Mato Grosso do Sul, conforme fontes do diretório regional ouvidas pelo Campo Grande News.
Filiado ao PT desde 1996, Ilmar já trabalhou como garçom na Assembleia Legislativa, foi assessor parlamentar e ex-secretário da Juventude no governo de Zeca do PT. Mais recentemente, chegou a ser pré-candidato ao Senado, em 2014, mas retirou seu nome no último momento, em benefício do presidente da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Mato Grosso do Sul), Ricardo Ayache.
O BBB de Mato Grosso do Sul é conhecido pela militância no partido, especialmente em defesa da causa indígena. Até chegar ao programa, seu episódio mais famoso foi discutir em público com o então governador André Puccinelli (PMDB), em 2014, quando o chamou de "golpista" durante um show no Parque das Nações Indígenas.
Apesar de ousado, os eventuais planos do PT não são pioneiros no assunto. Se tiver sucesso, Ilmar vai trilhar o caminho de Jean Willys (PSOL-RJ).
Ele venceu o BBB em 2005 e construiu sólida carreira política. Em 2014, foi reeleito deputado federal com 144 mil votos.
Eleições internas - No dia 9 de abril, o PT elege as direções municipais e 250 delegados estaduais. O congresso estadual da sigla acontece entre os dias 5 e 7 de maio, quando serão apresentados os nomes que integrarão as chapas para o Diretório Estadual do partido.
A carona no sucesso de Mamão ainda está condicionada ao desempenho do petista no programa e a eventuais cláusulas contratuais com a Rede Globo.
Por hora, nos bastidores da política, fala-se no nome do deputado federal Antonio Carlos Biffi como cabeça de chapa, isto é, presidente do partido em Mato Grosso do Sul. Uma segunda via seria Humberto Amaducci, ex-prefeito de Mundo Novo, mas ainda não há consenso, o que deverá ser definido até a data.
Entre os dias 1º e 3 de junho o partido promove seu congresso nacional. O nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é favorito para a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores.
Sem lideranças - Então líder de Dilma no Senado, Delcídio do Amaral foi preso no dia 25 de novembro do ano passado, sob acusação de tentar dificultar as investigações da Operação Lava Jato. A prisão dele, personagem de destaque no PT de Mato Grosso do Sul, foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavaski.
No mesmo dia, em uma votação aberta, os senadores decidiram por 59 votos a 13 e uma abstenção por manter a prisão. Depois de 80 dias detido, ele voltou ao Senado e foi cassado por 74 votos no plenário.
Com a saída de Delcídio de cena, Zeca do PT até poderia ver seu nome ganhar força, afinal ele próprio já manifestou o interesse de disputar o Senado. Mas, decisão do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) condenou o deputado federal por improbidade administrativa, frustrando os planos do petista e deixando a sigla órfã para as eleições de 2018.
O veredito se baseou no suposto envolvimento do parlamentar em um esquema de facilitação para contratação de empresa de publicidade quando era governador de Mato Grosso do Sul (entre 1999 e 2006). Esquema que ficou conhecido como “farra da publicidade”.
A terceira via seria o deputado federal Vander Loubet. Mas, no dia 14 deste mês, o STF o tornou réu em ação penal da Operação Lava Jato, suspeito de receber dinheiro desviado da BR Distribuidora, em um esquema de corrupção inclusive com a participação de parentes, o que também colocaria o partido em descrédito nas eleições.