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Política

No Roda Viva, Riedel promete “olhar com lupa” atendimentos na Casa da Mulher

Segundo disse, é preciso compreender “profundamente” falhas para aperfeiçoar a proteção às mulheres

Por Maristela Brunetto | 17/02/2025 23:09
No Roda Viva, Riedel promete “olhar com lupa” atendimentos na Casa da Mulher
Riedel foi entrevistado por quase duas horas durante o Roda Viva, da TV Cultura

Após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo na semana passada, veio à tona um sistema com falhas no atendimento às mulheres que buscam a Casa da Mulher Brasileira para denunciar os agressores e pedir ajuda. O governador Eduardo Riedel apontou que é preciso “olhar com lupa” os atendimentos, porque o que ocorreu com Vanessa não foi um caso isolado.

RESUMO

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O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, em sua primeira participação no programa Roda Viva da TV Cultura, prometeu "olhar com lupa" os atendimentos na Casa da Mulher Brasileira após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte. Durante quase duas horas de entrevista, Riedel admitiu falhas do Estado na proteção às vítimas de violência doméstica e anunciou uma reunião com delegadas e o secretário de Justiça para revisar protocolos. Em outros temas, o governador evitou se posicionar na polarização política, destacou o crescimento econômico do estado e discutiu questões ambientais. Sobre o 8 de janeiro, defendeu a "maturidade institucional" do país e, em relação à segurança pública, mostrou-se favorável a um sistema nacional integrado. O estado registrou 30 feminicídios no ano passado.

Esse foi um dos temas abordados durante a entrevista de cerca de 1h40 concedida pelo governador ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Os jornalistas da bancada queriam saber se houve afastamento de integrantes da Polícia Civil que atenderam a jornalista quando buscou ajuda, com destaque à delegada. Riedel disse que não há policiais afastados e que haverá uma reunião amanhã envolvendo delegadas da Casa com o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Videira, para falar sobre os protocolos de atendimento.

O governador voltou a dizer que houve uma falha do Estado e da sociedade na proteção às vítimas de violência doméstica e é preciso compreender “profundamente” o que aconteceu. Riedel diz que é preciso “buscar o caminho de correção”, que não é só do Executivo, citando o sistema de Justiça. Ele apontou, ainda, a necessidade de utilizar a tecnologia para acelerar a tramitação dos procedimentos.

O governador disse que o Estado “não esconde e não maquia” os números da violência doméstica, não registrando feminicídios como se fossem homicídios comuns. Foram 30 no ano passado.

No Roda Viva, Riedel promete “olhar com lupa” atendimentos na Casa da Mulher
Governador falou de temas como economia, meio ambiente e política

Polarização e ideologia - Riedel em vários momentos falou sobre buscar uma via fora da polarização, que afasta a atenção dos assuntos do dia a dia, mencionou. Questionado diretamente se era bolsonarista, reconheceu divergências com o PT, sugeriu que por vezes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “dá sinais trocados” que prejudicam a economia, mas evitou tomar posição em relação ao ex-presidente. Citou que há vários nomes como opções na disputa eleitoral, apontando os governadores Ratinho Júnior (PR), Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO). A estratégia de evitar cravar um nome chegou a levar a apresentadora Vera Magalhães a brincar que se tratava de um tucano autêntico.

O governador ainda elogiou vários nomes, a ministra Simone Tebet, que disse ainda não ter manifestado qual seu interesse eleitoral para o ano que vem, a senadora Tereza Cristina e Marina Silva, mencionando afinidade em alguns temas ambientais, mas que divergem sobre a exploração de petróleo no Amapá, que ele considera um ativo importante para a economia do Brasil mesmo caminhando para avançar em fontes renováveis de energia.

Riedel disse aos jornalistas que tem em seu governo apoio de diferentes legendas, do PT ao PL e que persegue uma “agenda da vida real”.

Ele também evitou ser taxativo sobre o futuro do PSDB, dizendo que há visões antagônicas dentro da legenda, com vários partidos sendo sondados para eventual fusão. Disse que não podia manifestar predileção para não prejudicar os debates. Para Riedel, o PSDB perdeu protagonismo diante do tom de polarização que se estabeleceu no País. Aqui no Estado, é o terceiro mandato seguido do partido.

Economia e meio ambiente – O crescimento econômico do Estado, a diversificação das cadeias produtivas e chegada de indústrias também foram temas abordados ao longo da entrevista. Os jornalistas convidados questionaram sobre a pecuária no Pantanal e a preservação ambiental, a escolha por atrair indústrias de atividades ligadas à transição energética, com uso de biomassa, produção de combustível com grãos. A retomada do transporte ferroviário e as possibilidades que a Rota Bioceânica abre ao Estado também foram tratados no programa.

Riedel explicou aos jornalistas que o governo aportou R$ 40 milhões no Fundo Pantanal e está buscando recursos de empresas e doações para ajudar em remuneração a quem preserva e medidas de proteção ao Bioma e seus moradores. Somente agora foi possível concluir o projeto porque prevê um conjunto "robusto" de ações e era preciso assegurar mecanismos de transparência dos investimentos. O projeto deve ser divulgado no final de março.

Ele ainda falou sobre a eleição de Donald Trump e seu “discurso contundente”. Sua volta ao comando dos EUA “bagunçou o coreto”, citou, em relação à adoção de uma nova agenda, que afasta organismos multilaterais. Vê uma posição de isolacionismo sobre questões ambientais e econômicas e disse ter dúvidas dos resultados que podem produzir, uma vez que se opõe ao multilateralismo, que Riedel defende.

No Roda Viva, Riedel promete “olhar com lupa” atendimentos na Casa da Mulher
Governador informou que final de março será lançado o plano para uso de receitas do Fundo Pantanal

Maturidade institucional – Os jornalistas também pediram a opinião do governador sobre o 8 de janeiro de 2023 e se entendia ter havido tentativa de golpe. Ele evitou comentar sobre a condição de Bolsonaro, dizendo que é preciso esperar a posição da Justiça, que será respeitada. Quanto aos atos, apontou que era preciso separar as coisas, “não colocar num balaio só”, citando que houve depredadores, há generais de quatro estrelas presos em investigação sobre golpes, mas lá também havia pessoas que somente foram em um movimento de massa, insatisfeitas com a derrota nas urnas, que não podiam ser todos enquadrados como golpistas.

Por outro lado, mencionou que no dia seguinte recebeu convite da então presidente do STF, ministra Rosa Weber, chamou-o a Brasília, junto com demais governadores e o presidente, foi possível mostrar “maturidade institucional”, que a força institucional estava presente.

Segurança – O governador ainda falou que não se opõe à ideia de criação de um sistema nacional de segurança pública, como está sendo discutido. Citou a situação geográfica do Estado, que favorece o tráfico de drogas e a presença de facções criminosas. Citou o número elevado de presos pelo crime e a necessidade de que haja um debate firme sobre como a integração da segurança ocorreria na prática, com definição do papel das polícias.

Outro assunto que projeta o Estado na imprensa nacional, Riedel falou sobre a possibilidade de uma convergência em relação à demarcação de terras indígenas. Lembrou que há dificuldade de um consenso porque proprietários de terras e defensores da demarcação têm interesses divergentes e que acredita que a saída correta é comprar terras de quem tem justo título, citando que esse foi o desfecho selado no final do ano passado para encerrar longa disputa em Antônio João.

A entrevista de Eduardo Riedel foi a primeira de um governador de Mato Grosso do Sul ao programa Roda Viva.

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