Olarte só tem violão e bíblia em cela e prisão surpreende visitante de presos
Sem poder receber visitas, o prefeito afastado Gilmar Olarte (PP) tem a companhia da Bíblia e um violão na cela de aproximadamente 9 metros quadrados na Companhia Independente de Guarda e Escolta, no complexo do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. No segundo dia preso, ele vive na expectativa de ser solto a qualquer momento, conforme afirmou seu advogado Jail Azambuja, durante visita ao cliente na manhã de hoje, 3.
Sozinho na cela, Gilmar Olarte está proibido de receber visita. Apenas o advogado tem autorização para conversar com o cliente. Na mesma ala cumprem pena 33 praças e oficiais da Polícia Militar em regime aberto, semi-aberto e fechado. No local existem cerca de 9 celas com tamanho de aproximadamente 9 metros quadrados, com janela, banheiro com privada, um beliche e varanda, tipo alojamento simples. Duas são denominadas celas probatórias, onde ficam presos temporários.
O Campo Grande News apurou que Gilmar Olarte não pode ficar no Comando Geral da PM, em razão de que no local não havia estrutura para atender preso recluso. Por isso, ele foi transferido para o complexo do presídio de segurança máxima, onde já tem escolta 24 horas e alimentação adequada. No local, o preso recebe café da manhã, almoço, um pão francês com café à tarde e jantar. Se preferir, ele pode receber alimentação de fora, que deve ser entregue na guarita do complexo, o que não aconteceu até ao meio dia de hoje. Somente os policiais podem entrar na ala de guarda e escolta.
Ainda ontem, depois que o prefeito afastado chegou ao local, seu advogado levou para ele a Bíblia, o violão, ventilador e uma garrafa de água gelada, uma vez que na cela não tem geladeira e nem televisão. Conforme Jail Azambuja, Olarte está tranquilo e sereno, consciente de que justiça será feita. “Ele considera que sua prisão foi desnecessária e injusta, por isso está confiante que deve sair a qualquer momento”, afirmou ele, lembrando que o empresário João Amorim, também preso na mesma circunstância, já teria obtido habeas corpus e deixado a cela do delegacia do Garras na madrugada deste sábado.
A única pessoa que esteve no presídio até o final da manhã de hoje foi o advogado Jail Azambuja, com quem Olarte conversou por quase uma. Para isso, o prefeito afastado precisou deixar a cela, cruzar a frente da entrada onde os visitantes dos detentos esperam o horário de visita da segurança máxima. Em seguida, ele entra na parte administrativa do prédio, local em que existe uma sala para os advogados conversarem com seus clientes.
As pessoas que aguardavam o horário de visita ao verem Gilmar Olarte saindo pelo portão da ala da guarda e escolta se manifestaram vaiando o prefeito afastado. Foi possível ouvir alguns o chamando de “ladrão”. Uma mulher que não quis se identificar disse que se não estivesse ali não acreditaria que o prefeito estava mesmo preso.
“Isso é bom e o povo vai ver que os políticos corruptos vão ser presos. Tem gente presa aqui por pouca coisa. Não como esses políticos que roubam muito dinheiro”, comentou ela, referindo-se aos detentos do presídio que estão cumprindo pena por pequenos delitos. “A população que uma resposta, quer ação da justiça.”
Outra visitante que saia do local após Olarte ter retornado à cela, comentou que os internos do presídio estavam revoltados com a presença do prefeito afastado no complexo. No trajeto de pouco mais de 30 metros entre a sala da administração até a entrada da ala em que está preso, Olarte caminhou tranquilamente, conversando com os policiais, com aparência abatida. Sob a custódia da PM, ele não tem autorização para falar com a imprensa.
Na próxima terça-feira pela manhã, Gilmar Olarte deve prestar depoimento aos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), responsáveis pela operação Coffee Break e autores do pedido de prisão temporária do prefeito afastado.