Partidos garantem que em MS torcida é por veto a fundo exorbitante para campanha
Mas a maioria defende o fundo com recurso público, como saída para favorecer a democracia no País
Apesar da votação desigual da bancada federal de Mato Grosso do Sul à emenda que quase triplica o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, os presidentes regionais dos partidos afirmam ser contrários ao anexo exorbitante do Orçamento para 2022.
Mas mesmo torcendo pelo veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), alguns dirigentes de partidos do Estado contestam a "diabolização" do fundo e afirmam que o recurso é fundamental para a democracia no País.
"Nosso partido votou contra. Não por conta do fundo. Somos a favor do financiamento público da campanha, mas achamos o montante muito alto. Passamos por uma crise estupenda e por isso esperamos o veto do presidente devido ao valor", afirmou o presidente estadual do PT, Agamenon do Prado.
No entanto, ele argumenta que o partido é contra o financiamento de empresas nas campanhas. "Isso que deu uma crise no País. Tem que se discutir uma reforma partidária, mas fora de época de campanha. Esperamos o veto do presidente."
O pensamento é parecido ao do presidente regional do PDT, o deputado federal Dagoberto Nogueira. Ele acredita que Bolsonaro vai vetar o chamado "fundão". "Ele não vai deixar esse valor que tá. Ele é bom pra isso. Esse povo do Centrão perdeu o rumo. Ouvi nos corredores do Congresso que estão pensando em disponibilizar parte do valor, cerca de 50% para a pandemia, porque pegou muito mal. Agora é torcer para vetar pelo menos parcial."
Dagoberto também defende a existência do fundo eleitoral. "Tem que ter. Ele representa a democracia. Nós estamos com um Congresso extremamente conservador e isso proporciona as pessoas com dinheiro a se eleger. Hoje não passamos de 130 votos. Estamos perdendo tudo, Reforma Trabalhista, Previdência. Tem que ter fundão, mas não com esse valor", concluiu.
Já a presidente regional do PSL, a senadora Soraya Thronicke, defende que o valor é exorbitante. "Aumentar de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões é muita coisa, ainda mais em um momento de pandemia em que tirou recursos de outras pastas. É algo que nós não podemos concordar. Eu entendo que é difícil uma eleição sem um mínimo de estrutura para os candidatos, mas nós já tínhamos recursos suficientes para isso, pois R$ 2 bilhões é um valor considerável e está de bom tamanho. Esse montante de R$ 5,7 bilhões é inaceitável. Espero que o presidente vete esse aumento, até porque ele já manifestou que pretende fazer isso.”
Sem representantes na bancada, mas com direito ao quarto maior valor do repasse do fundo eleitoral, o presidente regional do PP, deputado estadual Evander Vendramini, torce pelo veto total e pela inexistência do recurso público.
"É um dinheiro que fica muito mal para a sociedade no momento que vive hoje. A política tem que ser feita sem recursos, só com propostas. O dinheiro é usado em detrimento da pessoa. Temos que melhorar o político e o eleitor. O recurso financeiro é o que deturpa as eleições. Isso faz com que quem está no poder se mantenham no poder", avaliou.
Nas últimas entrevistas, o presidente afirmou a vontade de vetar a emenda do fundão eleitoral de forma parcial. Ele pretende garantir o aumento do recurso conforme a inflação. Bolsonaro tem 14 dias para publicar os vetos e as sanções a LDO 2022.