Prefeita espera Justiça decidir sobre suspeita de fraude milionária
Adriane Lopes (PP) está avaliando contratos que podem ter dado prejuízo de R$ 300 milhões, conforme Gaeco
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), montou uma comissão para avaliar os contratos com as empresas suspeitas de fraude investigadas pela Operação Cascalhos de Areia, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), mas não pretende quebrar contratos de imediato para não cometer crime ou injustiça, nas palavras dela.
Empresas são suspeitas de dar prejuízo de R$ 300 milhões aos cofres da prefeitura em contratos de manutenção de vias sem asfalto e locação de maquinários. As contratações foram feitas entre 2017 e 2022.
Após três anos de investigação, há uma semana, o Gaeco cumpriu 19 mandados de busca e apreensão expedidos pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). São investigados os crimes de peculato, corrupção, fraude à licitação e lavagem de dinheiro. Uma das empresas venceu 25 licitações em 4 anos.
Adriane explicou que o assunto foi amplamente noticiado pelos jornais, mas, oficialmente, não recebeu documento do Ministério Público. Por isso, montou uma comissão de avaliação dos contratos para entender como se posicionar diante da situação.
Adriane destacou que ela e sua equipe de gestão não estão sendo investigados, mas sim os contratos e empresas. Após toda a investigação feita, a prefeita pretende ouvir o Ministério Público e tomar providências cabíveis.
Se eu rescindir os contratos, cometo crime, porque eu posso estar acusando indevidamente ou levantando falso. Então, após a investigação, a prefeitura e a Justiça determinam o que o município vai fazer. Assim que recebermos a notificação do Poder Judiciário, nós vamos agir, mas essa comissão já levantou todos os contratos das possíveis empresas que estariam envolvidas”, disse a prefeita Adriane Lopes.
A prefeita disse ainda que, desde que assumiu a gestão, cobra dos secretários, tanto anterior quanto do atual, a fiscalização dos contratos e nunca lhe foi informada alguma suspeita de irregularidade.
“Na Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos), existem auditores, que são servidores concursados, engenheiros que fazem a fiscalização de cada contrato. Eles são responsáveis por fiscalizar e repassar todas as informações para o secretário e para a gestão. Desde que assumi a gestão, cobro efetivamente esse levantamento e essa fiscalização dos contratos de cada secretaria e diante da fiscalização desses auditores, os contratos acontecem naturalmente”, disse a prefeita.
Após o desfecho da investigação, a prefeita também decidirá o que fazer com relação às vias que podem ter sido prejudicadas por falta de serviços contratados.
O ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), por sua vez, classificou a operação como mais um episódio de perseguição política e disse que todas as empresas em sua gestão seguiram os trâmites necessários para a assinatura de contratos.