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Política

Rachado, PT de MS pode ter debandada de 300 filiados em setembro

Descontentamento com os rumos do partido deve levar a saída em massa de militantes petistas

Richelieu de Carlo | 18/08/2017 18:57
No partido desde 1988, Antônio Carlos Biffi avalia deixar o PT. (Foto: Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)
No partido desde 1988, Antônio Carlos Biffi avalia deixar o PT. (Foto: Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)

O resultado das eleições para o Diretório Estadual do PT, em abril deste ano, deve deixar marcas profundas no Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Descontentes com os rumos da legenda, a expectativa é que cerca de 300 militantes deixem o partido em um ato de desfiliação no mês de setembro.

Quem pode comandar a debandada é o ex-presidente estadual do PT, Antônio Carlos Biffi, que avalia deixar o partido, prestes a completar 30 anos como filiado.

"Isso é uma coisa que estamos confirmando. Estamos fazendo consultas em todo o Estado para decidir qual é a melhor decisão", explicou Biffi em entrevista ao Campo Grande News na manhã desta sexta-feira (18). "A última coisa que queremos é sair, mas estão nos empurrando para fora".

O descontentamento com os rumos do partido teve início com a vitória do deputado federal José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que venceu Biff e ficou com a presidência estadual. Entretanto, a situação piorou com demissão de 8 dos 9 funcionários do diretório sem o pagamento de salários e verbas rescisórias garantidas por direitos trabalhistas.

Motivo que fez Kelly Cristina Costa, ex-secretária de finanças e integrante das fileiras do PT por 21 anos, e desde 1996 em Mato Grosso do Sul, a se desfiliar.

"Minha saída está relacionada, especialmente, ao descaso promovido pelo atual presidente com os meus companheiros demitidos do partido, que foram demitidos sem justa causa e não tiveram seus direitos trabalhistas garantidos, ao contrário do que prega os princípios do PT", publicou Kelly no Facebook, no dia em que oficializou sua saída, 15 de agosto.

Ex-vereadora da Capital, Thaís Helena se afastou do partido e vai se desfiliar oficialmente em setembro. (Foto: Marcos Ermínio)
Ex-vereadora da Capital, Thaís Helena se afastou do partido e vai se desfiliar oficialmente em setembro. (Foto: Marcos Ermínio)

Segundo Kelly, no próximo dia 13 de setembro, haverá um ato com a expectativa de que até 300 membros do partido oficializem a saída do partido. "Deve sair uma quantidade boa", diz. Ela acredita que inicialmente 200 pessoas devam se desfiliar, mas que o número pode ser ampliado com a saída de Antônio Carlos Biffi.

Thaís Helena, ex-vereadora de Campo Grande e membro do diretório municipal em 2005, se afastou do partido, mas ainda não oficialmente, o que pretende fazer no ato marcado para o próximo mês.

"O descontentamento com o partido é grande. A gente não pode defender para fora o que não faz dentro, o que, principalmente em Mato Grosso do Sul, tem deixado a militância muito descontente. A gente não pode ser contra a reforma trabalhista e defender a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), sendo que dentro faz outra coisa", diz Thaís Helena.

Além desses fatores, Biffi acredita que o Partido dos Trabalhadores no Estado perdeu autonomia e está sendo utilizado para interesses particulares do atual presidente. "Virou anexo do mandato e é muito ruim isso. Tem que ter direção autônoma, não pode ser coadjuvante de deputado A ou B", defende.

O curioso da situação é que tanto o ex-deputado federal quanto Kelly Cristina Costa trabalharam no governo Zeca do PT, e, entre críticas, elogiaram o trabalho feito no período entre os anos 1999 e 2006.

"Tivemos grandes avanços no governo Zeca, mas o rumo do partido está muito ruim. Tem que estar com a militância e movimentos sociais e não apenas para usar o partido para eleições. Agora estão com dificuldade de relacionar com a militância", relata Biffi, ex-deputado federal e ex-secretário do governo Zeca.

Conversas com outros partidos reforçam a saída de Biffi da legenda. Presidente estadual do PDT, o deputado federal Dagoberto Nogueira confirmou que já o procurou para tê-lo em seu partido e disputar as eleições em 2018.

"Quero fazer uma chapa competitiva de deputado federal e deputado estadual, para isso estamos chamando as pessoas que têm compromisso com os trabalhadores e o País. Já conversei com ele [Biffi] e fiz o convite, e ele está conversando com o grupo dele avaliando a possibilidade dele estar junto conosco", relatou Dagoberto.

A reportagem tentou entrar em contato com o deputado e presidente do partido, Zeca do PT, mas a assessoria informou que ele está em viagem no interior do Estado e sem sinal de celular.

Presidente regional do PDT, Dagoberto Nogueira fez convite para Biffi entrar em seu partido. (Foto: Marcos Ermínio)
Presidente regional do PDT, Dagoberto Nogueira fez convite para Biffi entrar em seu partido. (Foto: Marcos Ermínio)
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