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Política

Secretária confirma uso de cheques para compra de vereadores em cassação

Filipe Prado e Antonio Marques | 27/11/2015 11:13
Marly se dirige ao local para prestar depoimento (Foto: Fernando Antunes)
Marly se dirige ao local para prestar depoimento (Foto: Fernando Antunes)

A testemunha Marly Débora Pereira de Campos, intimada pelo MPE (Ministério Público Estadual), confirmou que o prefeito afastado Gilmar Olarte (PP), através de Ronan Feitosa, usava cheques de terceiros para captação de votos na Câmara dos Vereadores.

Durante depoimento na audiência de instrução e julgamento, Marly relatou que trabalhou na campanha de Olarte em 2012. Após as eleições ela começou a realizar trabalhos tanto para a prefeitura quanto para a igreja do prefeito afastado. "Eu era um tipo de secretária particular de Gilmar Olarte", contou.

Marly relatou que o Ronan era o homem mais próximo ao então vice-prefeito Olarte e que ela sempre tinha contato pessoal com ele, porém, após a posse, ele se afastou e ela conversava mais com Ronan Feitosa. Nos primeiros quatro meses de 2013, ela disse ter recebido em dinheiro R$ 2 mil mensais pelo trabalho. "A proposta inicial é que eu receberia R$ 4 mil por mês de salário, mas me passaram só a metade disso", detalhou.

Neste período, entre fevereiro e março de 2013, Ronan pediu cheques à Marly, que alegou ser trocados para fazer dinheiro paa custear viagens de Olarte ao interior do Estado. Ao informar que não tinha cheque, Ronan lembrou que seu filho tinha. Assim, Marly disse que pediu ao filho os cheques, que de pronto não se recusou a fornecer, uma vez que seria para ajudar o pastor Olarte.

Os cheques foram preenchidos com valores de R$ 3 mil a R$ 5 mil, que nos primeiros meses foram resgatados antes de serem sacados no banco. Mas a partir de maio daquele ano, os pagamentos não foram mais realizados por Gilmar e os cheques começaram a voltar sem fundo.

Marly contou que começou a ser ameaçada por agiotas, então cobrou explicações e o pagamento para Ronan, que dizia para ela ficar tranquila, porque Olarte iria assumir a prefeitura em breve e resolveria tudo.

Olarte não pagou a dívida e não foi mais à prefeitura, então a mulher parou e exercer a sua função, já que não havia sido nomeada. Marly alegou que no começo acreditou que os cheques eram usados para viagens, mas depois descobriu que eram para cooptar votos dos vereadores na câmara para a cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), em março de 2014.

A testemunha disse ainda que por conta dos cheques sem fundo do filho, seu outro filho perdeu o financiamento da faculdade de medicina veterinária, pois o irmão que era avalista ficou com o nome sujo. Questionada pelo promotor sobre seu prejuízo financeiro, Marly revelou que foi de cerca de R$ 30 mil. Além dela, Marly comentou que soube de outras pessoas que também foram prejudicadas pelo mesmo esquema e citou o nome de um pastor da igreja de Olarte, Cleber Gomes.

JulgamentoA sessão começou às 9h, presidida pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini. Olarte será julgado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-prefeito foi afastado do cargo na Operação Coffee Break, no dia 25 de agosto passado, que apura a compra de vereadores para cassar o mandato de Bernal, que é uma das testemunhas do caso.

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