Taxistas voltam a negar compra de alvarás e criticam apelido ‘mafiosos’
Dos cinco que prestaram depoimentos à CPI do Táxi nesta sexta-feira, quatro possuem relação de parentesco
Nos últimos depoimentos dos empresários que concentram a maior quantidade de alvarás de táxi à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Municipal que apura monopólio no setor, taxistas voltaram a afirmar que não existe compra de permissões e criticaram serem chamados de 'mafiosos'.
Dos cinco ouvidos nesta sexta-feira (4), quatro possuem relação de parentesco e somam juntos 38 alvarás de táxi. Prestaram esclarecimentos Orocídio de Araújo, com 15, que é casado com Maria Helena Juliace de Araújo, com 6; Benevides Juliace Ponce, com 14, é irmão de Maria Helena e casado com Gleicekermen Ponce, com 3.
Também falou aos vereadores da comissão, Maria de Lourdes Dantas Ferreira, que possui uma permissão.
Todos mantiveram o padrão dos depoimentos registrados nas quatro sessões de sabatina até o momento. De que não há compra de alvarás, mas sim os veículos e suas benfeitorias são comercializados. As concessões são apenas transferidas aos novos donos dos carros, tudo registrado legalmente na Agetran (Agência Municipal de Trânsito), conforme os depoentes.
Questionados sobre os valores das transações, todos repetiram a mesma resposta: “não lembro”. Justificando que as negociações ocorreram há muitos anos atrás. Sendo a mais antiga em 1985, e as mais recentes na década passada.
Incomodado com isso, o vereador Junior Longo (PSDB) criticou a falta de memória das testemunhas, dizendo que seu pai lembra quanto pagou em sua primeira empresa comprada “há 33 anos atrás”. “Todos que passaram aqui não lembram do valor, como se fosse insignificante”, queixou-se o parlamentar.
Última a prestar depoimento, Gleicekermen Ponce também aproveitou para desabafar. Criticou a pecha de ‘máfia do táxi’ como tem sido classificados os maiores donos de alvarás, sendo motivo de piada de amigos.
“Fico chateada por ser empresária, mãe, ter meu círculo social e ter de ouvir brincadeiras e ser chamada de mafiosa ou exploradora. Pagamos nossos impostos, somos trabalhadores, e colocam esses rótulos em cima da gente”, relatou Gleicekermen.
A empresária também reafirmou o discurso de que nunca houve compra de alvará. “A aquisição sempre foi do veículo. O alvará pertence à Prefeitura”, afirmou.
Dos 13 empresários ouvidos até esta sexta-feira, nenhum dirige os veículos que possuem. Alguns, inclusive, disseram que exerceram a profissão apenas por alguns anos após a compra, embora ainda se classifiquem como taxistas.
Atualmente, os responsáveis por conduzir os carros são auxiliares, que conforme Gleicekermen, recebem até R$ 0,80 centavos por quilômetro rodado, sendo que o carro geralmente é dividido entre dois profissionais autônomos, que juntos rodam 24 horas por dia.