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Política

Troca de socos e agressões verbais interrompem reunião da OAB/MS

Zana Zaidan e Edivaldo Bitencourt | 21/02/2014 14:26
Sessão da OAB-MS terminou com ânimos exaltados  e conselheiros separando briga (Divulgação)
Sessão da OAB-MS terminou com ânimos exaltados e conselheiros separando briga (Divulgação)

A reunião do Conselho Estadual da seccional de Mato Grosso do Sul da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) foi interrompida, na manhã de hoje, por socos, troca de ameaças e briga entre os conselheiros. O conselheiro estadual Carlos Magno Couto chegou a empurrar e dar socos em Carmelino Rezende, ex-presidente da Ordem, 68 anos. Copos e papéis foram arremessados. A briga avançou e um dos advogados abriu a porta de emergência do plenário, levando a confusão para o pátio da OAB. A situação foi tão grave, que funcionários se esconderam no banheiro com medo da confusão.

O episódio é mais um desdobramento do isolamento do presidente da seccional, Júlio César Rodrigues. As divergências na diretoria tiveram início quando Júlio César Rodrigues foi contratado por Alcides Bernal (PP) para advogar em favor do município, mesmo com o prefeito respondendo a processos éticos na entidade. As ações do presidente culminaram no pedido de intervenção do Conselho Federal na seccional, questão que estava na pauta da sessão, junto com a criação de uma comissão para averiguar despesas contratadas por Júlio César sem a anuência dos demais conselheiros - o que viola o regimento interno da Ordem - e outros assuntos internos.

Segundo o secretário-geral da OAB-MS, Jully Heyder Souza, desde o início da sessão Júlio César não queria colocar a pauta em votação e, por isso, a sessão foi suspensa por 15 minutos. “Ao voltarmos, parecia que tudo ia caminhar bem, mas o Carlos Magno continuou tentando impedir a votação e não deixava ninguém usar a palavra”, relata.

O advogado Carmelino Rezende saiu da sessão depois de ser agredido (Foto: Divulgação)
O advogado Carmelino Rezende saiu da sessão depois de ser agredido (Foto: Divulgação)

Carmelino, então, se pronunciou, tentando organizar a sessão, e Couto respondeu de forma desrespeitosa. Segundo outro ex-presidente da OAB/MS, Carlos Marques, Carmelino foi chamado de "velho" que "não enxergava mais".

Ele teria rebatido o conselheiro, cobrando respeito, quando Couto, que estava sentado na outra extremidade da mesa de reuniões, se levantou e acertou dois socos em Carmelino, que tentou se defender e ambos acabaram caindo no chão. Copos e papéis foram arremessados, e uma mesa derrubada.

Os membros presentes separaram a briga e tentaram acalmar os ânimos. Marques acredita que como a pauta tratava de assuntos “desagradáveis” para Júlio César, Couto, como um dos poucos apoiadores do presidente que restaram dentro do Conselho, tentou tumultuar a sessão, impedindo a votação. “Está uma situação insustentável. O atual presidente criou uma diretoria paralela, toma decisões sem consultar mais ninguém e, caso o Conselho Federal não acelere a solicitação de intervenção na entidade, vamos recorrer a Justiça”, acrescenta Marques.

No Facebook, ele postou que a entidade "vive o pior momento da sua história". "Por sorte, eis que fomos alvos de diversos ataques verbais pelo Conselheiro agressor, que descontroladamente e em defesa dos atos ímprobos do Presidente Julio, disparava palavras insanas e agressivas contra todos, indistintamente", afirmou.

Boletim de ocorrência – Carmelino Rezende disse ao Campo Grande News que prefere não se pronunciar sobre a agressão, mas afirmou que 21 dos 32 conselheiros da Ordem registram boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia da Capital. Procurado, Carlos Magno não atendeu aos telefonemas da reportagem.

Carlos Marques afirmou que o caso será encaminhado para o Conselho Federal da OAB. "Vamos agora exigir uma postura rápida do Conselho Federal, único com competência para tirar o tirano da OAB, que precisa afastar de suas atribuições o Presidente Julio Cesar. Não é razoável que ele conduza os destinos da Ordem depois de tudo o que fez e contra a vontade de toda a administração", atacou, em postagem na rede social.

"Não é razoável que fiquemos reféns dessa situação e de um único advogado. Não é razoável que tenhamos que renunciar coletivamente depois de conquistar o mandato coletivamente nas urnas, quando apenas o Presidente fez um contrato fraudado para ganhar dinheiro público e ainda tenta dar um GOLPE na OAB", frisou.

"Basta. O Presidente precisa ocupar sua posição de réu e sair da OAB. Nós advogados não podemos continuar reféns desse ditador e que só acaba com a história da nossa Instituição. O simples fato da maioria maciça da administração estar contra o Presidente demonstra o quanto rápido o Conselho precisa agir e retirá-lo da presidência da Ordem", defendeu, aumentando a crise na instituição, que durante décadas foi referência no combate à corrupção e na cobrança do cumprimento da Constituição no País.

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