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Política

Uma semana antes da prisão, vereador procurou MP para “entregar” delator

Vagner Gonçalves acabou preso em 26 de novembro, junto com prefeito de Ladário e seis colegas da Câmara

Aline dos Santos | 18/12/2018 17:25
Câmara de Ladário teve sete vereadores presos em novembro. (Foto: Ricardo Albertoni/Arquivo Diário Corumbaense)
Câmara de Ladário teve sete vereadores presos em novembro. (Foto: Ricardo Albertoni/Arquivo Diário Corumbaense)

O clima de denuncismo que reina em Ladário, onde prefeito e sete vereadores foram presos por pagamento de “mensalinho” provocou situação peculiar: uma semana antes ser preso, o vereador Vagner Gonçalves (PPS) procurou o MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para “entregar” o delator, no caso, o vereador Fábio Peixoto de Araújo Gomes (PTB).

A tentativa de Vagner para que Peixoto fosse investigado foi protocolada em 19 de novembro no MP/MS de Corumbá, cidade vizinha a Ladário. Vagner cita roubalheira e malandragem. Um ex-servidor da Câmara Municipal de Ladário informou que recebeu três diárias (R$ 2.940) por viagem a Campo Grande e foi obrigado a devolver duas para Peixoto. Além de ser obrigado a devolver metade do salário.

O ex-funcionário também relatou que foi perseguido para não delatar a irregularidade. “Senhor promotor de Justiça esse é apenas um relato de uma pessoa que exerceu a Presidência da Casa de Leis da Cidade de Ladário-MS (sic)”.

Em 26 de novembro, Vagner foi preso junto com o prefeito Carlos Anibal Ruso Pedrozo (PSDB) e seis colegas de mandato. O esquema de pagamento de propina foi delatado por Peixoto, que entregou provas ao Ministério Público.

“Coloca coisas sem prova, porque já sabia que a gente já tinha denunciado há meses. Vou entrar com um processo em cima dele por calúnia e difamação”, afirma Peixoto, atual presidente da Casa de Leis, que considera a denúncia do então colega de Câmara como uma retaliação.

Segundo ele, Vagner também procurou a 5ª Promotoria de Justiça para denunciá-lo por enriquecimento ilícito, mas o pedido foi arquivado por falta de provas. Mesmo destino teve a denúncia protocolada em 19 de novembro.

“Na verdade, eles vêm nessa troca de denúncias há muito tempo, típico do desempenho do mandato, com, oposição versus situação. Acredito que o Ministério Publico escolheu qual lado apurar primeiro”, afirma o advogado Valdecir Balbino da Silva , que atua na defesa do vereador preso.

Militar da Marinha, Vagner Gonçalves obteve autorização da Justiça para trocar cela do presídio em Campo Grande por prisão numa instalação militar. Agora,a defesa pede que ele fique preso na Marinha de Ladário.

Esquema – De acordo com a operação, prefeito, secretários e vereadores se uniram para prática de crimes contra a administração pública. O chefe do Poder Executivo passou a subornar os vereadores para comprar apoio político, aprovação de projetos de seu interesse e arquivamento de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades na saúde.

As moedas de troca eram nomeação de pessoas indicadas em cargos em comissão no município ou pagamento de propina mediante “mensalinho”.

Uma semana antes da prisão, vereador procurou MP para “entregar” delator
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