Zeca diz que topa ser até cabo eleitoral nas eleições de 2012
Ex-governador afirma que chapa encabeçada por Delcídio seria imbatível, mas aceita qualquer posição que PT indicar, até mesmo de vice
O ex-governador Zeca do PT disse que não escolhe posição para compor a chapa petista à sucessão do prefeito Nelsinho Trad (PMDB) em 2012. Na condição de um dos três pré-candidatos do PT, ao lado do deputado federal Vander Loubet e do deputado estadual Pedro Kemp, Zeca diz que topa ser cabeça de chapa, vice ou até mesmo um mero cabo eleitoral. Pelo tom da fala, Zeca abomina, no entanto, a tendência de uma parte do PT que, em razão da aliança nacional, torce pela composição com o PMDB de André Puccinelli. Nesse caso, Zeca se diz radical, a ponto de falar até em abandonar o partido, ‘envergonhado’ caso isso aconteça, segundo admitiu, em entrevista ao Campo Grande News.
PT e PMDB são aliados nacionalmente, tendo, inclusive, eleito a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Zeca acha que as chances são maiores se o partido lançar uma chapa encabeçada pelo senador Delcídio Amaral, mas já sabe que isso é impossível. “Pra mim, a chapa mais forte do PT seria com Delcídio para prefeito e eu como vice, mas isso está praticamente descartado pelo diretório do partido”, comentou o ex-governador.
Confira as principais partes da entrevista:
Chapa com Delcídio e relação com senador: “Onde me botar pra jogar eu jogo. Se for definição do PT estou à disposição. A única condição que faço é da unidade política, isso significa claramente uma coisa: a efetiva participação do senador Delcídio. Não dá mais para fingir que nada está ocorrendo. O PT vislumbra uma possibilidade real de ganhar as eleições 2012. Delcídio é uma liderança política inquestionável, com enorme peso político, ele tem que estar junto, como candidato a prefeito, seja como parceiro, Delcídio tem que estar na campanha. Até porque 2014 não é uma coisa isolada, tem uma estação anterior, as eleições 2012. Delcídio só vai ser governador se for candidato pelo PT, com seus aliados. O fundamental é a fidelidade ao projeto. A melhor chapa seria Delcídio e Zeca, mesmo estando quase descartada, nenhuma outra chapa tem condições de ganhar.”
Alianças: “Precisamos montar um arco de alianças que dê sustentação em 2012. Vejo como aliados vários partidos, como PDT, PSB, PC do B, PP e PSD. Se fizermos 30 prefeituras entre estes 7, 8 aliados, ganhamos força. A campanha de Delcídio para o governo em 2014 fica mais forte.”
2012: “Em Campo Grande, com uma chapa boa para vereadores, podemos fazer 6, 7 vereadores, como foi em 1996. Mas temos que ter uma chapa forte. No interior, em Dourados, com a ida do Murilo (Zauith, prefeito) para o PSB, defendo a aliança lá. Vejo chances de ganhar com aliados em Três Lagoas, Guerreiro (Ângelo, vereador do PDT), vai ganhar estourados, se possível o PT indicar o vice. Corumbá o trabalho deve continuar, dado o resultado que a população vê da administração de oito anos do PT (com Ruiter Cunha). Acho que em Ponta Porã temos que construir um projeto ainda.”
Aliança com PMDB: “Se acontecer isso saio do PT. Acho que é jogar no lixo nossa história. Uma aliança aqui com o Puccinelli absolutamente não contribui. Se acontecer, envergonhado, vou para casa.”
Força do PT: “Depois de minha saída do governo, em 2006, o partido perdeu força, e é natural. Aproveitamos estes quatro anos para se reorganizar, se redescobrir, e acho que o PT vem forte para as próximas eleições. PT tem que lançar candidato aqui na Capital e nas principais cidades do interior, e isso vou dizer pro Falcão (Rui, presidente do PT) que vai estar aqui dia 18. Vou dizer também que o PT precisa se apropriar de alguns cargos federais aqui no Estado. Alguns deles, como a Funasa, trabalharam contra o PT e a Dilma nas eleições.”
Propostas para Campo Grande: “Tem que cuidar da saúde, que está um caos hoje, uma vergonha em Campo Grande, haja vista o que aconteceu com a Santa Casa e o que o PMDB fez no Hospital Regional, que deixamos montado. Temos também que ver o transporte coletivo, e a segurança”.
Atuação do PMDB na prefeitura e governo: “os dois têm características idênticas, usam o dinheiro do governo federal para fazer suas obras, como de infraestrutura, e não colocam nenhuma placa para Dilma, não dão o crédito.”