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Reportagens Especiais

Acidente da filha deixa vida pessoal de superintendente aberta como livro

Paula Maciulevicius | 12/03/2014 09:10
Valter Favaro, passou para o outro lado da história da notícia no Campo Grande News. (Foto: Cleber Gellio)
Valter Favaro, passou para o outro lado da história da notícia no Campo Grande News. (Foto: Cleber Gellio)

De fonte para personagem. De homem público para um pai desesperado. No dia 21 de abril de 2009, o então, superintendente da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Valter Favaro, passou para o outro lado da história da notícia no Campo Grande News.

As entrevistas como profissional deram espaço, voz e vez à luta pela vida da filha. Daquela terça-feira de manhã em diante, ele passou a ter a vida pessoal narrada diariamente pelo jornalismo online. As reportagens mostravam a ele o que estar do outro lado envolve. Dos 15 anos de Campo Grande News, os últimos cinco, trouxeram inúmeras notícias do acidente e da investigação policial.

“O Campo Grande News e é até engraçado, eu acompanho até hoje quando eu quero lembrar um momento. Por exemplo, quantos dias ela ficou no hospital? Eu abro o Campo Grande News e uso como referência”, conta.

As entrevistas que até então eram de cunho profissional, sobre as ações da Polícia Rodoviária Federal, passaram a ser sobre o estado de saúde de Rayssa Favaro, à época do acidente, com 19 anos. “Todos os dias, atendia umas 10, 15 ligações”, recorda o pai.

Rayssa dirigia um Uno pela rua Bahia, quando na avenida Mato Grosso, colidiu com um Honda Civic.
Rayssa dirigia um Uno pela rua Bahia, quando na avenida Mato Grosso, colidiu com um Honda Civic.
A jovem sofreu o que a medicina chama de lesão axonal difusa no tronco cerebral-hipotalamo.
A jovem sofreu o que a medicina chama de lesão axonal difusa no tronco cerebral-hipotalamo.

Por meio do jornalismo era que ele e a família ficavam sabendo dos passos da investigação. Apesar de ter um cargo público federal, Valter Favaro afirma que se manteve isento. “Fiquei sabendo que foi marcada a perícia, pela imprensa, aquela reconstituição, quatro anos depois”.

Ver a vida pessoal virar notícia não foi encarado por ele com constrangimento. “A exposição não, isso não me incomodou. Mas o fato de você ter que precisar provar a cada dia, a cada raiar e por do sol, você ter que provar o óbvio, isso cansa, desanima”, desabafa.

Rayssa dirigia um Fiat Uno pela rua Bahia, quando no cruzamento com a avenida Mato Grosso, colidiu com um Honda Civic, dirigido por Marcelo Olendzki Broch. A batida jogou os carros a 36 metros do ponto de impacto.

Rayssa ficou gravemente ferida. Foram 69 dias de coma. A jovem sofreu o que a medicina chama de lesão axonal difusa no tronco cerebral-hipotalamo. Como a lesão sofrida não é muscular e, sim, cerebral, a rotina de tratamento consiste em treinos para melhorar o equilíbrio.

Na época do acidente, Valter Favaro já estava há quatro na Superintendência. Permaneceu como chefe da PRF até 2011, quando foi nomeado para integrar a Secretaria Nacional de Segurança, em Brasília. Retornou um ano depois, para a corregedoria da PRF e aposentou em 2013.

“Quando vi a cena do acidente, foi difícil. Vi o cabelo dela na porta do carro. Achei que ia ser difícil salvar a minha filha. O sentimento é de impotência, uma tristeza profunda, a alma. Você nunca mais é a mesma pessoa”.

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