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Aposentadoria de Londres e virada na disputa marcam política de MS

Leonardo Rocha | 31/12/2014 15:40
Reinaldo comemora a vitória sobre Delcídio, no segundo turno das eleições (Foto: Alcides Neto)
Reinaldo comemora a vitória sobre Delcídio, no segundo turno das eleições (Foto: Alcides Neto)

Reinaldo Azambuja, eleito governador em Mato Grosso do Sul, no segundo turno deste ano, começou 2014, tendo como bagagem uma ótima votação em Campo Grande em 2012, mas sem uma definição política, já que não tinha confirmado a sua presença na sucessão estadual, tendo inclusive como opção uma candidatura ao Senado.

Ele começou o ano destacando o trabalho feito pelo seu partido, com o programa "Pensando MS", um ano antes, onde percorreu a maioria das cidades do Estado para recolher as reivindicações da população e assim elencar as prioridades para elaboração de um plano de governo.

Para disputa eleitoral, existia um "flerte" com o senador Delcídio do Amaral, em uma eventual aliança, mas os tucanos insistiam em dizer que uma pesquisa junto a população decidiria o rumo em Mato Grosso do Sul. Desde o início recebeu o apoio do DEM, que defendia uma terceira via no Estado, fugindo da polaridade entre PMDB e PT.

Alianças - Azambuja era cogitado em uma disputa para o Senado com o governador André Puccinelli (PMDB) ou com Simone Tebet (PMDB), ou podendo ser a terceira opção entre Delcídio e Nelsinho Trad (PMDB).

Após várias reuniões entre os partidos um acordo entre PT e PSDB, ficou inviável em função da disputa nacional, entre Aécio Neves e a presidente Dilma Rousseff (PT). Azambuja estabeleceu um prazo até o dia 30 de abril para esta parceria, com o impasse, no dia 9 de maio afirmou que o partido teria candidatura própria em Mato Grosso do Sul.

Com este cenário definido, Azambuja buscou partidos para formar aliança, trazendo o SD, PPS, PMN, PSD, além do DEM, que já havia firmado apoio. Em convenção no dia 27 de junho, Reinaldo confirmou a candidatura e já teve um discurso mais "ácido" aos adversários, fazendo críticas a administração do PMDB e ao seu oponente Delcídio do Amaral, por ter seu nome citado no escândalos da Petrobras.

Campanha - Com início da campanha eleitoral, o candidato tucano focalizou suas propostas na área da saúde, assim como mostrando questões que precisavam ser melhoradas no Estado, sempre enaltecendo que se trata de uma "nova política", um chapa de "mudança" em Mato Grosso do Sul.

Nas primeiras pesquisas eleitorais, Azambuja apareceu na terceira colocação, atrás de Nelsinho Trad e Delcídio do Amaral, que liderava com folga a disputa estadual. No mês de setembro, os institutos já mostravam Reinaldo na segunda colocação, mas com apenas alguns pontos a frente do candidato do PMDB.

Eleição - Faltando alguns dias para eleição do primeiro turno, o instituto Ibope apontou Azambuja com apenas alguns pontos atrás de Delcídio, vislumbrando um cenário de segundo turno, que foi confirmado após a abertura das urnas, tendo o petista 42,92% dos votos válidos, e o tucano 39,09%.

No segundo turno, Reinaldo conseguiu atrair a maioria do apoio dos demais partidos, tendo inclusive a adesão do bloco de aliados do PMDB, que estiveram com Nelsinho na primeira etapa. As pesquisas tinham resultados divergentes, com umas dando larga vantagem de Azambuja e a última, mostrando uma vitória apertada de Delcídio.

Após uma disputa acirrada no segundo turno, com troca de acusações entre os candidatos, Reinaldo venceu a eleição sobre o petista, por 55, 34% a 44,66%. O placar foi previsto pelo Ipems, o único a cravar o resultado das urnas no Estado.

Governo - Com a vitória, Azambuja declarou que teria como prioridade a saúde, educação e segurança, buscando tornar a administração mais ágil e dinâmica. A princípio gostaria de fazer alterações no orçamento, mas depois resolveu fazer suplementação de recursos após assumir o governo.

Reinaldo, no entanto, promoveu uma reforma administrativa, diminuindo de 15 para 13 secretarias, com a intenção de reduzir custos na máquina. Para isto teve o apoio da atual gestão que enviou as mudanças para serem votadas na Assembleia Legislativa.

Na área política, o tucano buscou ampliar sua base aliada no legislativo, tendo hoje o apoio de 15 deputados e podendo estender este número para 20 até o começo de fevereiro, ficando apenas o PT no quadro de oposição.

Na formação do governo indicou secretários com aspécto técnico, mas não deixou de contemplar os partidos aliados. Ele resolveu estabelecer uma política de metas, onde os novos titulares das pastas do executivo terãoq ue cumprir para continuarem nos cargos.

Mudanças - A eleição do primeiro tucano para governar o Estado também marca o fim de uma era de três décadas do PMDB no comando do Estado ou da Prefeitura Municipal de Campo Grande.

O pleito também marca o fim da carreira de Londres Machado (PR), candidato a vice-governador na chapa de Delcídio. Ele cumpriu dez mandatos consecutivos como deputado estadual.

Também deixaram a atividade parlamentar os deputados Jerson Domingos (PMDB), aprovado para o Tribunal de Contas do Estado, e Antonio Carlos Arroyo (PR). Este último desistiu confiante na indicação para o TCE, mas acabou sendo alvo de uma disputa judicial. Agora, a vaga está para ser decidida pelo Superior Tribunal de Justiça. Os conselheiros do TCE alegam que a aposentadoria de José Ricardo Cabral, que abriu vaga para Arroyo, foi ilegal.

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