Em ano agitado, Capital teve dois prefeitos e três presidentes na Câmara
O ano de 2015 vai entrar para a história política de Campo Grande como um dos mais conturbados da história da Capital. Foram dois prefeitos e três presidentes na Câmara em menos de 12 meses, algo nunca ocorrido antes.
Além disso, pela primeira vez um ocupante da cadeira do Paço Municipal foi preso. Ainda houve renúncias e cassações na Câmara Municipal, levando suplente, que nem sonhava mais em assumir mandato, a ser empossado para participar da última sessão do ano, com direito a eleição da mesa diretora.
O primeiro escândalo do ano envolveu o então vereador Alceu Bueno (à época no PSL), que renunciou ao mandato para não ser cassado por seus pares. Em meados de abril, ele denunciou o ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu por extorsão, mas, após investigação, a polícia descobriu um grupo que atuava na exploração sexual de adolescentes.
Em dezembro, Alceu Bueno acabou condenado a 8 anos e 2 meses de prisão em regime fechado. Quatro meses depois do escândalo sexual, na véspera de a cidade completar 116 anos, uma reviravolta total na política municipal. Antes, porém a Câmara Municipal foi pressionada a abrir uma Comissão Processante contra o, então, prefeito Gilmar Olarte por conta de indícios de seu envolvimento crime por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, acusado de dar calote em pessoas ligadas a sua igreja e empresários locais.
Cedinho, naquele dia 25 de agosto, uma operação deflagrada pelo MPE (Ministério Público Estadual), denominada de Coffee Break, em alusão a cafezinho, suposto termo usado pelos envolvidos para referir-se ao pagamento de propina, conforme apontou o inquérito, afastou autoridades municipais de seus cargos, entre outras medidas, como a apreensão de celulares de vereadores.
A Operação Coffee Break investigou esquema de compra de votos para promover a cassação do prefeito. Além de vereadores terem sido levados de casa para depor, o Gaeco conseguiu autorização do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para o afastamento imediato do presidente da Câmara; e do sucessor de Bernal, Gilmar Olarte.
Com isso, Campo Grande ficou sem chefe do Executivo.
Quando os 20 vereadores que restaram na Câmara preparavam o ritual para a posse do 1º vice-presidente, Flávio César (PTdoB), no cargo de prefeito, outra decisão do TJ embalharou ainda mais as cartas do jogo político na Capital: era a volta de Bernal ao Paço Municipal.
Antes mesmo de os vereadores realizarem o ato de posse, Bernal voltou ao cargo. Nem o próprio prefeito, até então cassado, parecia acreditar na decisão da Justiça.
Com o afastamento de Olarte e a decisão em favor de Bernal, que reassumiu ao meio-dia do dia 27 de agosto, oficialmente, Campo Grande estava sem prefeito no dia em que completou 116 anos.
A volta de Bernal reascendeu uma conturbada relação entre ele e a Câmara. O prefeito perdeu até o apoio dos três vereadores do PT.
Por mais de 90 dias, Flávio César esteve na presidência da Câmara. Mario Cesar só conseguiu retornar ao Legislativo depois de renunciar ao cargo de presidente, para o qual foi eleito João Rocha (PSDB).
Ainda por conta da Coffee Break foi criada na Câmara Municipal, por recomendação do MPE (Ministério Público Estadual), a Comissão Permanente de Ética, para apurar a quebra de decoro parlamentar dos nove vereadores investigados pelo Gaeco. O processo foi arquivado na casa por falta de provas.
Já no fim de novembro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu derrubar as liminares que mantinham três vereadores acusados por compra de votos nos cargos. Paulo Pedra (PDT), licenciado para a secretaria municipal de Governo; Delei Pinheiro (PSD) e Thais Helena (PT) foram cassados, além de Alceu Bueno, que já havia sido condenado anteriormente no mesmo processo.
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) precisou recontar os votos das eleições de 2012 e foram convocados os suplentes Roberto Durães (PT), Lívio Leite (PSDB) e Eduardo Cury (PTdoB) – este havia assumido a vaga quando Pedra se licenciou. Em tempo, eles participaram da eleição para escolha da nova mesa diretora da Casa.
A movimentação política de 2015 aumenta as expectativas para 2016. O Gaeco concluiu que houve o envolvimento de dois ex-prefeitos, de empresários e de 13 vereadores na suposta compra de votos para cassar o mandato de Bernal no ano passado, mas aguarda decisão da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça) para ver os encaminhamentos em relação a operação que marcou a história da cidade.