História da Câmara Municipal caminhou quase junto com a fundação de Campo Grande
História ainda será contada em um livro que está sendo produzido pela própria Casa de Leis
A Capital planejada de 2023 só foi possível porque foi pensada lá no início pelos políticos eleitos no Legislativo. A história da Câmara Municipal caminhou quase que junto com a da fundação de Campo Grande.
A cidade emancipada em 1899 tinha como sede do Executivo a casa do intendente eleito, Francisco Mestre, e não tinha funcionários. Os vereadores só tomaram posse em 1905 e reuniam-se na casa do presidente Jerônimo José de Sant’Anna.
Só em 1910, 11 anos depois da emancipação, foi construído o primeiro prédio público de Campo Grande. E apenas em 1978 passou a ter status de Capital. No ano seguinte, Albino Coimbra Filho se tornando o presidente da 1ª Legislatura da Câmara Municipal da sede do novo Estado brasileiro.
Toda a história será contada em detalhes em um livro que está sendo produzido pela própria Casa de Leis. Desde a formulação do Código de Posturas Municipal, já na Primeira Legislatura, contemplando medidas para coibir a violência, até a aprovação da primeira planta de Campo Grande, pensando na organização e planejamento da cidade.
Há mais de 100 anos, parlamentares se preocupavam também com a saúde e o meio ambiente. Entre 1912 e 1914, foram aprovadas medidas de combate à varíola, além da preservação e utilização do único córrego que abastece a população.
Já em 1913, terrenos que continham matas foram considerados de utilidade pública, bem como todas as fontes que ainda se encontravam em terras devolutas. Também passaram pelo Legislativo projetos de leis que definiram o hino e serviços essenciais como água encanada.
Poucos sabem, mas a Câmara Municipal já teve como sede o prédio do atual banco Bradesco, no cruzamento das avenidas Afonso Pena com a Calógeras. A memória é da ex-senadora Marisa Serrado que começou a carreira política na Casa de Leis. Aliás, praticamente todos os políticos que já ocuparam cargos mais relevantes iniciaram suas trajetórias com uma cadeira no Legislativo.
“Éramos nove vereadores. Foi uma época de turbulência política, porque o estado estava sendo dividido. Fomos para Brasília acompanhar o presidente Ernesto Geisel assinar a divisão do Estado. Começamos o mandato em Mato Grosso e terminamos em Mato Grosso do Sul”, relembra.
Segundo ela, o mandato era de seis anos. “Havia a possibilidade de unir as eleições gerais. Tivemos seis anos como vereadores para as eleições gerais coincidirem. Também mudamos de prédio e fomos para o anexo ao atual Paço Municipal, onde hoje funciona a Central do IPTU”, destacou.
Marisa ponderou que o incentivo que teve do então prefeito Levy Dias para mudar de profissão, deixando de ser professora para vereadora, a ajudou a se descobrir na política. “Para as mulheres era muito difícil e éramos poucas”, disse.
Para a ex-vereadora, a atual Câmara tem um papel mais efetivo e mais poder do que na época em que tinha mandato. “A cidade é maior e os problemas são maiores. A Casa é obrigada a se envolver com os problemas da comunidade. Espero que os vereadores acompanhem as mudanças que a cidade passa”.
Outro vereador que também fez parte de uma das transições de prédios da Câmara Municipal é Loester Nunes, o Dr. Loester. Ele chegou a trabalhar como vereador no anexo do Paço Municipal e já está no atual prédio, na Avenida Ricardo Brandão.
Segundo o médico, antigamente, eram 21 vereadores. Participando ativamente em quatro mandatos como parlamentar, Loester enxerga uma mudança positiva com o passar dos anos. “Agora são eleitos novos vereadores e sempre há uma oxigenação da Casa. Uma das minhas lembranças mais marcantes é ter sido relator da Lei Orgânica do município. Também relembro dos prefeitos e alguns eram mais do que político, eram amigos”, disse ao citar Lúdio Coelho, Juvêncio da Fonseca, Nelsinho Trad e André Puccinelli.
O ainda vereador afirma que continua trabalhando e defendendo suas próprias opiniões, sempre de mãos limpas. “Não me preocupo com a opinião dos outros. Prezo pela harmonia entre os colegas, mas sem ser submisso. Acredito que temos uma responsabilidade pelo crescimento ordenado da cidade e espero uma Capital pujante e vertical nos próximos anos”.
Vale ressaltar que está tramitando ainda na Casa de Leis Projeto de Resolução, de autoria do vereador Carlos Augusto Borges, o "Carlão", presidente da Casa de Leis, criando o Projeto Memórias do Legislativo Municipal, com propósito de armazenar, organizar e divulgar informações da história do Legislativo Municipal, iniciando pela primeira legislatura.
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