“Ligando nada a lugar nenhum”, MS já era projetado para a Rota Bioceânica
Pedro Pedrossian já pensava em ligação com Ásia, 14 anos após criação do Estado com implantação da Apaporé
Após 46 anos de criação, Mato Grosso do Sul começou a ter uma data para a conclusão da Rota Bioceânica e se consolida como o centro da ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Mas até chegar à consolidação da saída para a Ásia, alguns gestores precisaram tirar o sonho do papel para finalmente concluírem o plano com a ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
Entre as lideranças que já imaginavam para onde Estado poderia avançar, estava o ex-governador Pedro Pedrossian. Engenheiro de formação, conhecido por ser um tocador de obras nos três governos que administrou, um deles ainda no antigo Mato Grosso uno.
Na época do primeiro mandato dele, nem mesmo energia existia na região. Em 1980, dois anos após a criação de Mato Grosso do Sul, Campo Grande funcionava à base de energia a diesel das 17h às 22h. Por isso, Pedrossian tinha pressa. Quem conta os bastidores dos projetos é o ex-diretor da Sanesul, Celso Fontoura Corrêa.
“Ele queria tirar o povo do marasmo, fazer o tempo correr mais rápido. Queria que Mato Grosso do Sul nascesse um estado modelo, mas via que não era isso que estava acontecendo”, relembra.
Sem ligação com os municípios do interior, Pedrossian começou a abrir estradas e por isso muitos falavam que “não ligava nada a lugar nenhum”, mas poucos imaginavam o que já passava pela cabeça do ex-governador.
A estrada Apaporé, ligando o Rio Apa (Paraguai) ao Rio Aporé (Parnaíba), já era imaginada como uma rota alternativa para o Oceano Pacífico. “Ele dizia que a Apaporé era uma saída para a Ásia. Naquela época, se pensava em exportar apenas para o Japão. Além disso, criava caminhos para Brasília (DF). Fez estradas que levavam calcário para a região do Cerrado, fazendo Chapadão do Sul ser tão desenvolvido assim”, explica.
Nesse sentido, ainda implantou a Guairaporã, ligando Ponta Porã a Guaíra (Paraná), pensando no escoamento pelo Porto de Paranaguá.
Uma das últimas obras inauguradas por Pedrossian, em 1995, foi a MS-040 que liga a Capital a Santa Rita do Pardo. Fez pontes, aeroportos, escolas, ginásios cobertos, conjuntos habitacionais e os principais hospitais do Estado.
“Ele começava a trabalhar às 5h30, reunindo com a equipe e dando tarefas com prazos, porque às 8h já começava a receber as visitas na governadoria. Mas o que ele mais gostava era a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), porque dizia que era para os filhos da terra não terem que sair para estudar e para os que são de fora virem estudar. Como filho de armênios, ele sabia da dificuldade que era e pensava no futuro. Tinha grandes planos para o Estado.”
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