De forma lúdica, Ruberval transformou a história de Campo Grande em poesia
Ele é poeta e guiou um passeio pelos principais pontos turísticos como a Maria Fumaça, Morada dos Baís, Carro de Boi e outros
Transformando tudo em poesia improvisada, Ruberval Cunha contou a história de Campo Grande durante passeio pelos principais pontos turísticos. O trajeto foi feito ontem (30), e foram seis paradas ao som dos versos poéticos, começando no monumento da Maria Fumaça, ao lado do Hotel Gaspar, onde recordou do trem que trouxe desenvolvimento para a Capital e comentou sobre uma família de portugueses.
“É tudo de improviso. Contar a história através da poesia é uma forma de retro alimentação, porque uma se alimenta da outra. Quando olho para Campo Grande sendo modernizada hoje, lembro-me da cidade na minha infância, onde colocava o pé no chão”, diz o poeta.
Com o rosto pintado de branco e amarelo, uma mala carregando as vestimentas e um berrante do lado, ele seguiu o passeio turístico de ônibus e guiou até a segunda parada, Morada dos Baís. Alí, recordou da antiga Pensão Pimentel. Falou sobre Lídia Baís, a artista além do seu tempo. Pintora, compositora e escritora, nascida em 1900, ela teve a vida cheia de mistérios e contos. “Quem chega recebe da casa um abraço. Ela ainda diz a sua própria história. Lídia Baís, a casa da memória”, declamou.
O roteiro continuou e o terceiro ponto foi o Carro de Boi, localizado entre as Avenidas Ernesto Geisel e Fernando Corrêa da Costa, na confluência dos córregos Prosa e Segredo. Ruberval então soltou mais um verso, do tempo que não existia tanta gente. Os homens desciam e amarravam na 14 de Julho, o seu próprio cavalo. Nesse local, não era diferente.
“De lá, poderíamos rumar, buscando um lugar onde eu sou parte do próprio caminho. Talvez Manoel de Barros pudesse conversar com os boiadeiros antigos e por isso ainda tenhamos um passarinho", imagina Ruberval.
"A verdade é que o visitante tem a liberdade de imaginar e existem rios que vão contar prosas e segredos, mas o convite é conhecer Campo Grande, viajar e aproveitar sem medo. O tempo de ontem já se foi, sejam bem-vindos ao Carro de Boi”, declarou mais um poema improvisado.
O passeio levou até o Mercadão Municipal, inaugurado em 1958. Ali, tudo começou com uma feira ao ar livre, que nhoje contempla uma diversidade de cheiros e sabores.
O quarto ponto foi a Praça dos Imigrantes, onde o poeta comentou sobre a estrutura arredondada. Depois passou pela Praça do Rádio, que no início deveria abrigar uma igreja.
“Devia abrigar uma igreja, mas abriga somente a praça. E essa praça recebeu outros nomes. Foi um dos primeiros espaços a receber a feira vegana. A concha foi construída em homenagem à família Espíndola. Foram colocados monumentos variados homenageando japoneses e outras pessoas importantes para a cidade”, falou Ruberval.
A viagem encerrou-se em frente ao Museu das Culturas Dom Bosque, localizado nos altos da Avenida Afonso Pena. Contudo, antes, Ruberval recitou a última poesia. “A gente veio com o coração aberto para o passeio. A gente ora a paisagem como quem comemora a viagem. No começo o lugar foi o hotel Gaspar, influencias de portugueses. Mas as vezes só de olhar podíamos imaginar o monumento, logo em frente soprou o vento daquela Maria Fumaça”.
“O tempo passa. Foi se o dia inteiro entre viagens de carro de boi e lugares para visitar. Ensinamos o próprio olhar a enxergar com o coração. Tivemos então, algo que abre as portas, mas a gente não comporta tanta emoção. Por isso, o dia encosta na tarde para brincar com a noite e o resumo de tudo é sempre a partida, pois ela carrega começos e antigas saídas. Visitar Campo Grande é rever a história, é imaginar o futuro, é inventar memórias”.
Museu - A programação da 2º Mostra de Turismo continuou no museu e contou com apresentações de dança e música. O evento foi promovido pela Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo) da Capital, que debateu sobre “Turismo de Fronteira”.
O superintendente de turismo, Wantuyr Tartari falou sobre o passeio e afirmou que a proposta foi apresentar os locais de um jeito diferente. “De uma forma lúdica, que as pessoas realmente se encantassem. Cada local que paramos, contava uma história e mexe com o momento. Começamos na Maria Fumaça porque é bastante procurada e também pelo trem que trouxe desenvolvimento através do trilho começou à cidade”, disse.
Para a professora e digital influencer, Michely Prado, o passeio foi proveitoso. Apesar de ser campo-grandense, ainda não conhecia as histórias. “Não sabia de todas. Nunca tinha ido na Praça dos Imigrantes, a gente só passa pelos locais. Agora entendo o formato da praça, que era feito para tratar os animais. Os carros de boi paravam aqui”, disse. Para ela, apresentar a um local com poesia mexe com a criatividade. “Aguça a imaginação e dá essa leveza para pessoas conhecerem mais”.