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A importância do aumento e manutenção das bolsas de estudos para as pesquisas

Denilson de Oliveira Guilherme (*) | 16/03/2023 09:20

Quando se fala em pesquisa científica, muitas pessoas não têm ideia do que está por trás de tudo isso e logo pensam nos benefícios e resultados trazidos para a sociedade brasileira. Entretanto para se chegar a esses avanços tecnológicos, muita infraestrutura de base tem que ser montada, com um projeto de pesquisa bem estruturado, recursos financeiros para execução do projeto e, principalmente, uma equipe de pesquisadores engajados.

Este último ponto deve ser tratado com grande atenção, pois também envolve a vida desses profissionais que dedicam suas vidas a estudar um determinado assunto e, para de fato terem excelência em seus estudos, não podem estar divididos em atividades paralelas.

Nos últimos anos, porém, desdobrar-se em mais frentes de atuação tornou-se uma rotina para muitos que amam a pesquisa e dependem dela como profissão. Com a defasagem do valor das bolsas de estudos, um pesquisador não conseguiria sobreviver com os valores aplicados até então nas bolsas de iniciação cientifica (R$ 400,00) mestrado (R$ 1.500,00) e doutorado (R$ 2.200,00) em quaisquer das capitais brasileiras sem um complemento de renda. A atividade complementar à renda do pesquisador é ruim pois faz com que ele fique dividido entre duas ou mais atividades sem que o mesmo possa ter concentração e desempenhar suas atividades com maestria.

Recentemente, a comunidade científica comemorou o anúncio do reajuste das bolsas federais, que passou para R$ 700 na iniciação científica; R$ 2.100 para mestrandos; e R$ 3.100,00 para doutorandos. Isso provocou um efeito positivo também nas agências de fomento estaduais, que também aumentaram os investimentos, como foi o caso da Fundect de Mato Grosso do Sul.

É bom que fique claro que o reajuste das bolsas ameniza, mas não resolve o problema dessa defasagem das bolsas de estudos. Outro ponto a ser pensado como solução seria uma política de reajuste periódico das bolsas a fim de fazer com que os estudantes e pesquisadores possam ter total dedicação às suas atividades sem se preocupar com suas necessidades básicas de sobrevivência.

Escrevo este texto hoje como alguém que tem conhecimento de causa sobre o assunto, pois fui bolsista durante a graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. E digo que sem esse auxílio valioso seria impossível hoje estar exercendo o cargo de pesquisador e coordenador de programa de pós-graduação stricto sensu do qual estou vinculado.

Sem ciência de qualidade é impossível evoluir e gerar recursos. Todos ganham com o investimento nas carreiras científicas.

(*) Denilson de Oliveira Guilherme é Coordenador do Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária da UCDB.

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