Amazônia chama
Amazônia Chama….. foi assim que o coletivo de estudantes do Núcleo de Estudos Amazônicos, da UnB, em 2019, marcou as gravíssimas queimadas que estavam acontecendo na Amazônia e que chegariam a escurecer São Paulo, dando o alerta para aqueles que ainda não haviam se convencido que a Amazônia estava sendo destruída. A palavra de ordem “Amazônia Chama” resumia o sentimento do momento: a Amazônia estava em chamas e a Amazônia estava chamando para sua defesa. A UnB foi carimbada com essas palavras, que até hoje persistem em seus painéis e paredes. A Amazônia continua em chamas e clamando por socorro.
Sua enorme diversidade biológica e cultural, seus imensos mananciais de água doce e sua contribuição para o equilíbrio climático são essenciais ao planeta, mas principalmente para os seus povos originários, comunidades tradicionais, para os/as agricultores/as familiares, camponeses/as e agroextrativistas, entre outros, com seus saberes, culturas e experiências.
No entanto, estamos assistindo a uma verdadeira barbárie relacionada às populações e à natureza da Amazônia. Apesar de cerca de 50% da área total da Amazônia ser ocupada com Unidades de Conservação e Terras Indígenas, esses territórios de trabalho, proteção e vida têm sido solapados por garimpeiros, pecuaristas, madeireiros e comerciantes e empresários que forjam, na exploração de homens, mulheres, crianças e dos bens da natureza, um lucro fácil.
É fundamental que o Estado crie e fortaleça as Unidades de Conservação e Terras Indígenas para que continuem com seu importante papel de preservação da vida Amazônica. O fortalecimento das Unidades de Conservação e Terras Indígenas passa pela implementação de políticas públicas e pela participação das comunidades e povos originários na organização e funcionamento destes territórios vitais.
Deve-se referir que o atual governo tem executado medidas contrárias aos interesses das comunidades e dos povos originários. Vem realizando a destruição das instituições públicas, atacando a legislação ambiental e agrária, favorecendo a violência contra a natureza e as populações que vivem e trabalham na Amazônia. Nos últimos anos, o governo brasileiro tem agido como um promotor das atrocidades cometidas contra os povos originários, quilombolas, agricultores/as familiares, camponeses/as, agroextrativistas e comunidades tradicionais. Tem fechado os olhos para o aumento dos desmatamentos, queimadas e degradação da Amazônia, as quais se relacionam fortemente com a cobiça de agropecuárias, mineradoras, latifundiários/as, grileiros/as, garimpeiros/as, madeireiros/as, entre outros. A Amazônia chega em 2021 com um recorde na taxa de desmatamento dos últimos dez anos, perfazendo mais de 13 mil km2 de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
No mês de junho deste ano, quando se comemora o dia mundial do meio ambiente, a Amazônia continua sendo ameaçada como nunca. É tempo de defender, com toda nossa força, a Amazônia e suas gentes.
Amazônia Chama !!!
(*) Enaile do Espírito Santo Iadanza é professora do Núcleo de Estudos Amazônicos da Universidade de Brasília (NEAz/Ceam/UnB), doutora em Geografia e Planejamento Regional pela Universidade Nova de Lisboa (UNL).