Depois de crises e escândalos, qual é o futuro do PT?
Recente levantamento indica que o Partido dos Trabalhadores é o que nominalmente tem menos parlamentares com mandato envolvidos na Operação Lava Jato – o escândalo de corrupção na Petrobras. De acordo com o andamento das investigações, o Partido Popular (PP) tem 32 integrantes; o PMDB conta com 12 citados; e o PT, 10 nomes. Depois estão outros, com reduzido número.
Não se trata de nenhum mérito petista, ao contrário, isso deixa claro que o PT, como partido, assumiu o controle central dos atos, seus parlamentares não têm autonomia para atuar em negociatas, propinas e corrupção ativa ou passiva, todos devem obedecer às diretrizes do núcleo diretivo do poder partidário. Nos outros partidos, os integrantes, parlamentares ou não, agem por contra própria, muitas vezes à revelia da direção das siglas a que pertencem.
Corrupção sempre existiu – e provavelmente sempre existirá – geralmente pontual e cometida por pessoas individualmente. Com a chegada do PT ao governo esse nefasto sistema assumiu proporções exageradas, deixou de ser prática pessoal de políticos e agentes públicos de má índole e desonestos para se tornar esquema de governo e de partido, institucionalizado, por isso os escândalos proliferaram a partir de 2003.
A constatação dessa situação é lamentável, uma pena para a política brasileira porque o PT foi criado com ideologia séria e firme em princípios e ideias capazes de promover mudanças nas velhas práticas e restabelecer a verdadeira ética política. E agora, qual é o futuro do PT?
Não se sabe exatamente, mas é possível, depois de tantos escândalos de corrupção, prever-se que dificilmente haverá superação plena e volta aos ideais e bandeiras de outrora porque a depuração é lenta, demorada e existem sequelas para curar, o que somente o tempo de uma geração poderá superar e, mesmo assim, se for estabelecida e seguida uma nova conduta partidária.
O ideário petista, a pregação político-ideológica do partido, conquistou importantes segmentos da sociedade brasileiras que contribuíram para o crescimento e consolidação da sigla nascida no meio sindical, no ambiente dos trabalhadores. Lideranças da intelectualidade, da cultura e até do empresariado progressista engajaram-se na luta.
Como hoje se sentem essas forças do pensamento nacional? O PT não era aquilo que pregava? A partir desses questionamentos é que se avalia o futuro petista. Intelectuais, sociólogos, teóricos e formadores de opinião a quem a doutrina petista muito deve para sua expansão estão quietos, sem ânimo para defender um partido mergulhado nos escândalos.
O partido perdeu credibilidade, as lideranças dignas, decentes e honestas que deram aval ao PT sentem-se hoje envergonhadas, o caminho seguido afastou as pessoas de bem. A militância, tão aguerrida, está retraída e a cada ato público que encena encontra oposição e resistência nas ruas, pois é difícil defender um partido ou um governo com tantas mazelas.
O que restará ao Partido dos Trabalhadores para se recompor e reconquistar a confiança da sociedade? Teria o PT, por seus fracos líderes e mal-intencionadas lideranças, cavado esse futuro? Continuará perdendo adeptos e colaboradores de prestígio? Somente o tempo responderá.
(*) Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal.
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