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Estupidez e simplicidade

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 18/06/2020 14:30

Foi a estupidez humana que no passado gerou esta situação de calamidade. Mas é bem isso, o Brasil, um país que tinha tudo para um viver condigno está curvado de pires na mão devido à incompetência ou má fé de seus gestores. Estupidez e arrogância estão nas falas empoladas utilizadas por alguns juristas, economistas ou eruditos. É quase um exercício de ocultismo.

O pensar deve ser simples, claro, lógico; o falar também. O pensamento simples tem muito mais abrangência do que as sofisticadas ginásticas mentais que parecem querer encobrir a verdade. Mas para pensar com clareza o ser humano tem de se esforçar para ouvir a própria intuição, o eu interior que está sufocado em meio à balburdia reinante e à falta de propósitos enobrecedores. Senão passam a prevalecer as mentiras, o logro, as dissimulações dos reais objetivos, e a simulação de falsa generosidade.

A turbulência produz insatisfação fortalecendo as ideologias do ódio dos humanos contra os humanos. A educação infantil, o primeiro degrau do aprendizado, não pode ser descuidado. Na escola pública, para a formação básica, o ensino vem decaindo desde os anos 1960 e não se recuperou até hoje. Seria o caso de implantar a sugestão do ministro Paulo Guedes referente a dar oportunidade de bom preparo para a vida aos jovens no Exército, com cursos e atividades?

Os materialistas só respeitam dinheiro e poder. A democracia vai se tornando uma fachada que acoberta interesses escusos. Com sua elevada população, a China enveredou pelo caminho de produzir e exportar com preços atraentes, acumulou reserva, aperfeiçoou o sistema de governo forte em oposição ao sistema ocidental democrático que se tornou corrupto e relapso. Urge restaurá-lo, pois o modelo de gestão com mão de ferro se tornou atraente para transformar os humanos livres em servos.

A técnica é processo contínuo, mas foi interrompido no Brasil com a desindustrialização. Imagine a técnica associada ao objetivo do aprimoramento da espécie humana. Vai daí que Diógenes, filósofo grego, andava com a lanterna à procura de honestos sem encontrar. Hoje está ainda pior em todas as classes e profissões, inclusive na dos gestores públicos. A honestidade foi substituída pela cobiça de poder e dinheiro. Ler jornais era o prazer de muitas gerações para se informar, acompanhar a diversidade de ideias; hoje tudo ficou pasteurizado e tendencioso, e com isso as pessoas desanimam.

A tendência de colocar o dinheiro e a finança acima de tudo se fortaleceu após a Segunda Guerra, e tudo passou a girar em torno do aspecto econômico, acirrando as disputas e estabelecendo regime selvagem de astuciosas luta por poder e dinheiro. Os países pouco desenvolvidos se tornaram inexpressivos diante da geopolítica e por causa dos seus políticos, em sua maioria ambiciosos e despreparados para gerir uma nação. Os EUA tomaram a dianteira. A China desponta numa situação não alcançada pela Rússia, Europa, e Japão, mas a China tem sistema de gestão com mão forte sem os entraves de outros poderes. O Primeiro Ministro Chinês tem a corda na mão; bobeou, dançou.

No cenário da economia mundial, as pedras estão caindo como jogo de dominó e ninguém sabe quando isso vai parar. No Brasil, é ainda mais trágico. Faltam recursos, ficamos no atraso geral, e com a guerra política não se sabe mais o que é verdade ou invenção. Como reerguer as peças que vão caindo, desestabilizando tudo? As engrenagens da economia vêm emperrando há décadas e atingiram o auge do desequilíbrio com a pandemia. O que o Brasil pode fazer para restabelecer atividades que permitam uma vida condigna para todos que se esforçam e equilíbrio nas contas? Urge cortar os exageros nos custos da máquina e a roubalheira. Mas como aumentar a produção, empregos, renda, consumo, progresso? Os críticos e os economistas devem pôr de lado ideologias e teorias abstratas. A população espera contribuições sérias e coerentes. Convém que os cientistas condecorados ouçam as vozes de estudiosos mais simples que se esforçam para auxiliar os seres humanos, pois a sabedoria se encontra na diversidade, na análise objetiva, sem preconceitos ou interesses. Se continuarem como sempre, estarão agindo contra a humanidade.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP

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