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Informação e computação quântica

Tito José Bonagamba (*) | 13/10/2022 08:30

Em função da concessão do Prêmio Nobel em Física de 2022 aos físicos Alain Aspect, John F. Clauser e Anton Zeilinger pelos seus trabalhos na área de Informação Quântica, temos que resgatar nossa história brasileira nesta linha de pesquisa utilizando a Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Em 2002, o diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) estrategicamente organizou um evento com pesquisadores brasileiros para abrir perspectivas ao desenvolvimento de linhas inovadoras de pesquisa no País.

No nosso caso, fomos incentivados a iniciar pesquisa na área de Informação e Computação Quântica (ICQ) por RMN, tarefa que, de forma ousada, aceitamos prontamente no Laboratório de Espectroscopia de Alta Resolução por RMN (Lear).

Após contato com alguns pesquisadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Departamento de Física da Ufes, rapidamente formamos uma excelente equipe para começar a desenvolver pesquisa na área de ICQ por RMN no Brasil.

Em 2003, já estávamos publicando nosso primeiro artigo no Jornal Physical Review A. Após este artigo, publicamos uma extensa série de artigos em revistas indexadas, incluindo o prestigioso Jornal Physical Review Letters. Além dos artigos, vários projetos de mestrado e doutorado foram concluídos, formando uma comunidade qualificada na área de ICQ.

Após publicar um artigo no Journal of Magnetic Resonance, em 2005, escolhido para ilustrar a capa da edição, fomos convidados pela Elsevier para escrever um livro sobre Processamento da Informação Quântica por RMN, que foi publicado em 2007.

Não nos limitamos à RMN e incluímos o emprego da Ressonância Quadrupolar Nuclear (RQN), uma proposta original na área e de custo expressivamente inferior ao da RMN, pois não emprega o uso de magnetos supercondutores.

Seguimos até hoje desenvolvendo projetos de RMN e de RQN para aplicações em ICQ, com a última publicação feita na revista Quantum Information Processing, em 2022.

No momento, de forma inovadora, estamos procurando desenvolver uma interface para nossos equipamentos de modo a permitir que usuários possam ter contato com a Computação Quântica via RMN, sendo uma ferramenta de grande valor para a necessária formação de recursos humanos habilitados a utilizar essa poderosa ferramenta computacional. Nesta importante etapa, contamos com colaboradores da UFSCar – Araras e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

A este computador quântico por RMN que estamos desenvolvendo, daremos o nome de “Gatinho Feio”, em homenagem ao Gato de Schrödinger e ao “Patinho Feio”, primeiro computador construído pela Escola Politécnica da USP, que completou 50 anos recentemente.

Logicamente, em nenhum dos casos eles são “feios”, mas sim inovadores e ousados!

(*) Tito José Bonagamba, professor titular do Instituto de Física de São Carlos da USP

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