Internet deve influenciar campanhas políticas
Conforme dados do Nielsen Ibope de dezembro de 2013, cerca de 108 milhões de pessoas acessam a internet no Brasil, por diferentes meios. Deste total, 58,2 milhões acessam em casa ou no trabalho; e deste número, 45 milhões estão nas redes sociais.
É fato, a população tem buscado cada vez mais informações pela internet, compartilhado ideias e debatido questões importantes para os rumos do país, haja vista as manifestações populares que sacudiram o Brasil em 2013, articuladas pelas redes sociais. Diante dos dados e do comportamento da população, o marketing digital, sem dúvida, deve ser destaque no planejamento de campanha dos candidatos a eleição em 2014. O desafio está em saber aproveitar as oportunidades que as novas mídias oferecem.
Para o estrategista de comunicação digital, referência em projetos digitais no país, Marcelo Vitorino, a internet pode ser um elemento chave na mobilização de uma campanha política, levando os militantes a completarem tarefas com mais qualidade e eficácia. “Também pode levar ao eleitor informações que a televisão não mostra por ter o tempo de exibição restrito. Candidaturas legislativas são as que mais têm a ganhar nesse caso (...). O problema é que há pouca gente qualificada tecnicamente para utilizar ferramentas da forma mais produtiva e poucos candidatos tem visão para investir no online (...). Com uma boa equipe, boas plataformas e uma estratégia bem feita, a internet pode influenciar uma eleição”, completa.
Um estudo realizado pelo IBGE em 2011 e divulgado em 2013, mostra que Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais possui telefone móvel celular no Brasil. Em relação ao número de acessos a internet, o estado segue como a segunda região do país. Uma parcela considerável da população sul-mato-grossense está conectada na internet, tanto pelo computador quanto pelos smartphones.
“A parcela de pessoas que tem a internet como uma das principais fontes de informação do seu dia a dia já passou da metade da população. Em Mato Grosso do Sul a tendência não é diferente”, diz Estevão Rizzo, especialista em marketing digital da 80 20 Marketeria Digital.
De acordo com Estevão, para o candidato se inserir nas ferramentas onlines, o primeiro passo é definir de forma clara sua marca pessoal e as bandeiras que ele irá levantar durante a campanha. Com estas definições, o segundo passo é identificar em que local do ambiente digital está o público que compartilha dos mesmos ideais do candidato. Depois, é o momento de estudar a melhor forma de transmitir a mensagem para essas pessoas. Cumpridas essas missões começa-se o trabalho de posicionamento online.
Diferente das mídias tradicionais, a internet é uma forma de comunicação de duas vias, na qual os internautas têm a oportunidade de se pronunciar em tempo real. Por isso, segundo Estevão, o candidato tem que produzir conteúdo constantemente, com velocidade e, estar pronto para interagir diariamente com seus eleitores.
“É preciso criar conteúdo específico para a internet e não apenas “adequar” o conteúdo de outras mídias. Outra dica é preparar-se para lidar com comentários, tanto de eleitores quanto de detratores; apagar ou inibir este tipo de ação faz ressoar a imagem de um candidato que não está interessado no que seu eleitorado tem a dizer e, que está despreparado (ou tem medo) de responder às indagações feitas”, orienta Estevão.
O estudante de Direito, Douglas Queiroz, de 24 anos, é um dos internautas que utilizará as ferramentas onlines, principalmente as redes sociais, para buscar informações sobre os candidatos e definir seu voto. “Acompanho principalmente os candidatos com os quais mais simpatizo, porque quero ter mais informações sobre eles; quem são, que ações já fizeram e quais são os projetos que irão desenvolver caso sejam eleitos”.
Para o jovem, que costuma ficar de 6h a 10 horas por dia conectado tanto pelo computador quanto pelo celular, é muito mais fácil acompanhar os candidatos pela internet do que por outros meios. Além disso, pelas redes sociais ele acredita que consegue ficar mais próximo do candidato, acompanhando o seu dia a dia.
“O foco do uso na web deve ser a produção e disseminação do conteúdo, com a finalidade de mobilizar pessoas para o dia da votação”, finaliza o estrategista Marcelo.
(*) Estevão Rizzo é biólogo e especialista em marketing digital.
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