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Material escolar: orientações e limites

Por Daniele Vilela Leite (*) | 08/01/2014 17:53

Todo início de ano é a mesma coisa: o corre-corre dos pais para pesquisar e comprar material escolar para os filhos. A lista varia muito de uma escola para outra e o ideal para economizar é pesquisar bastante os preços e as marcas e, é claro, orientar as crianças e os adolescentes antes de saírem de casa.

Uma boa alternativa também é tentar reaproveitar alguns materiais do ano anterior, tais como mochila e estojo de lápis. Com essa ação mais específica, os alunos poderão começar o ano letivo colaborando com muitas ações sustentáveis realizadas por várias escolas, que estão tentando mudar a cultura ainda dominante de consumismo exagerado e supérfluo.

Atualmente, as papelarias e as grandes lojas do setor fazem de tudo para conquistar pais e alunos. Algumas lojas entregam o material escolar na casa dos clientes, enquanto outras se especializam em encapar cadernos e bordar toalhas com o nome das crianças. Em tempos em que as famílias se sentem cada vez mais desafiadas a equacionar a relação tempo e compromissos dentro e fora de casa, os serviços de entrega de materiais têm sido muito bem-vindos.

Para tentar ajudar os pais neste momento de grande importância na vida escolar das crianças e adolescentes, alguns noticiários exibem reportagens com o tema, ressaltando que, para “economizar”, uma das grandes dicas é não levar os filhos à papelaria no momento da compra! Ora, ainda que essa dica tenha seus méritos, é preciso analisá-la com cuidado, pois ela pode esconder a fragilidade dos adultos em relação à orientação e à necessidade de impor limites às crianças e adolescentes.

Uma criança bem-orientada em todos os momentos, ao solicitar a compra de algum presente, por exemplo, saberá reconhecer e respeitar esses limites no momento da compra dos materiais escolares. O grande segredo para não ter problemas quanto aos insistentes pedidos das crianças, que tendem a desejar sempre produtos mais caros e de marcas reconhecidas, é trabalhar isso com elas durante todo o tempo. Se esse trabalho de orientação e limites ainda não tiver começado, não desanime, pois você pode iniciá-lo agora mesmo, aproveitando a ocasião de compras de materiais como ponto de partida.

Mas, é preciso ressaltar: a frustração de crianças e adolescentes dentro da papelaria é uma demonstração clara de que há pontos que devem ser melhorados no relacionamento entre pais e filhos ao longo do ano. Hoje, é comum os pais trabalharem o dia todo, deixando as crianças em creches, com avós ou babás. Muitos se sentem culpados por permanecer ausentes o dia inteiro, e, como forma de “suprir” essa ausência, permitem que seus filhos façam tudo o que têm vontade e não os repreendem porque sentem ‘dó’ das crianças.

Como se não bastasse, há casos de pais que, para não ter que aturar o choro dos filhos depois de um dia exaustivo de trabalho, acabam cedendo a todas as vontades deles! Já outros, infelizmente, preferem ‘suprir’ essa ausência presenteando seus filhos com bens materiais (brinquedos, jogos, bonecas, carrinhos, entre outros). Qualquer um desses casos, acredite, pode dificultar não apenas o momento da escolha conjunta dos materiais escolares, mas também muitos outros aspectos que envolvem a vida das crianças e adolescentes.

Bem, depois de tudo isso, resta-nos questionar se estamos, de fato, orientando nossos filhos em suas reais necessidades. Toda criança e adolescente tem direito a receber de suas respectivas famílias as orientações e os limites que tanto farão falta a elas durante toda a vida.

(*) Daniele Vilela Leite é Orientadora Educacional na empresa Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); com grande experiência em trabalhos relacionados à Educação.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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