O Mochileiro das Galáxias
Um dos livros que mais gostei de ler em minha vida foi “O guia definitivo do mochileiro das galáxias: uma trilogia de cinco em único volume”. Pelo título já é possível perceber que o livro trata de um verdadeiro “non sense”.
Lembrei-me do livro por causa da época em que vivemos. Nunca imaginei que em minha vida passaria por um momento em que as pessoas sofressem tantas limitações. Comércio fechado, transporte coletivo sem funcionar, máscaras para sair na rua, medo de apertar as mãos, álcool gel.
Aliado a essa bagunça surge uma confusão de poder. Quem manda de verdade? É o presidente? São os Ministros do Supremo Tribunal Federal? São os Governadores? São os prefeitos?
Todos e nenhum mandam ao mesmo tempo. Cada um diz que sua deliberação é o melhor para a população, mas parecem que não entendem que suas decisões afetam as vidas e os destinos de milhões de pessoas de verdade.
Como diz o “Guia”, essas pessoas de quem os detentores do poder falam existem apenas nas próprias palavras deles mesmos. Não se preocupam com as que vivem de verdade, mesmo porque é loucura tentar dizer o que os outros querem. Cada um tem seu próprio universo a partir de sua própria percepção de mundo.
Conforme o “Guia” o principal problema é quem escolhemos para nos governar, pois todos os que querem governar são, por isso mesmo, os menos indicados para isso. Em resumo, qualquer pessoa capaz de se tornar um governante, em hipótese alguma deveria ter permissão para exercer o cargo.
É assim que me sinto no Brasil de hoje. Parecemos uma nau sem rumo. Não critico o governo atual, ou quem quer que seja. A baderna vem de longa data, antes mesmo de tentarem “estocar vento” e de “coisas nunca antes vistas na história desse país”.
O governo brasileiro há tempos age como um bebê. Tem um apetite enorme, mas nenhum senso de responsabilidade. Essa analogia, feita por Ronald Reagan para os Estados Unidos, retrata o que tem acontecido no Brasil nas últimas décadas. O Corona Vírus somente maximizou o problema, pois agora existem vários bebês e todos carecem de senso de responsabilidade.
Apesar disso querem nos proteger, mas a proteção não é contra um terceiro. As medidas que determinam são para que o Estado nos proteja de nós mesmos. Isso é o que mais me amedronta, pois a única coisa que quero em um governo é que me deixe em paz.
*Marcelo Harger é escritor, advogado, natural de Joinville, é professor universitário, pós-graduado em processo civil, MBA em gestão empresarial, mestre e doutor em Direito Público.