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Produtos fitossanitários: aspectos positivos, negativos, oportunidades e desafio

Por José Otavio Menten (*) | 06/01/2020 14:37

A análise SWOT é uma técnica utilizada para identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças em diversas áreas, em atividades. Os produtos fitossanitários são insumos agrícolas que protegem as plantas contra as pragas (insetos, agentes causais de doenças e plantas daninhas), contribuindo para que expresse seu potencial produtivo.

Estima-se que as pragas ainda causam danos de pelo menos 40% na produção, apesar de todas as medidas de manejo utilizadas. Daí a necessidade de se continuar desenvolvendo e aprimorando as alternativas de controle. Também se estima que, se os produtos fitossanitários não forem utilizados, a produção vegetal será reduzida pela metade.

Entretanto, a imagem e percepção desses produtos na sociedade, cada vez mais urbana e sem vínculos com a produção agrícola, não são das melhores, mesmo sendo esta uma ferramenta utilizada pela maioria dos produtores rurais. É necessária uma comunicação eficiente para promover a confiança dos consumidores de alimentos, mostrando que há muita ciência e tecnologia dando suporte aos produtos que são utilizados pelos agricultores.

Pontos positivos: os produtos fitossanitários usados são registrados, ou seja, após cerca de dez anos de desenvolvimento pelos fabricantes são analisados pelos pontos de vista do agronômico (MAPA), toxicológico (ANVISA) e ambiental (IBAMA). São produtos muito estudados e seguros. E, somente devem ser vendidos a pessoas com receita agronômica e manuseados por profissionais habilitados.

Pontos negativos: a comunicação do setor de defesa vegetal com a sociedade precisa melhorar. É preciso que prevaleçam as visões dos especialistas (professores, pesquisadores, profissionais de fiscalização, produção, etc), já que se trata de tema técnico e complexo. Também há necessidade de atenção quanto à utilização correta e segura dos fitossanitários, em especial e relação à dose, período de carência e número das aplicações. Ainda assim, alimentos produzidos no Brasil são saudáveis, atendendo as exigências nacionais e internacionais.

Oportunidades: é fundamental que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) sempre seja a meta. Deve-se desenvolver e utilizar todas as medidas de controle (legislativas, genéticas, culturais, físicas, mecânicas, biológicas e químicas).

É imprescindível desenvolver e registrar produtos, tanto químicos como biológicos, eficientes e com características toxicológicas e ambientais adequadas. Assim como de se aprimorar a aplicação desses produtos, com equipamentos adequados, devidamente regulados e calibrados e em condições climáticas satisfatórias.

Desafios: o principal desafio é mostrar para a sociedade ser possível produzir alimentos saudáveis utilizando produtos fitossanitários. Outro ponto é a modernização da legislação; em 30 anos há necessidade de incorporação da análise de risco, maior harmonização entre os órgãos registrantes (MAPA, ANVISA e IBAMA), agilização do processo de registro, priorizando os produtos com novos mecanismos de ação, já sendo utilizado em países concorrentes do Brasil.

Estes produtos são fundamentais para o enfrentamento de um dos grandes problemas atuais: o surgimento de pragas resistentes a produtos fitossanitários. Outro desafio é a melhoria de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) para manter sempre presente nas operações as BPAs (Boas Práticas Agrícolas). Enfim, os produtos fitossanitários são bons e extremamente necessários, mas precisam ser aplicados corretamente.

(*) José Otavio Menten, Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorado em Manejo de Pragas e Biotecnologia e Professor Associado da ESALQ/USP.

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