Projeto MaDHu: Matemática Digital Humanizada
O uso de tecnologias digitais na Educação Matemática tem sido uma das temáticas principais de nossas pesquisas desde o período de nossa formação na pós-graduação, e foi ela o ponto de encontro para que nos conhecêssemos durante o doutorado. Mais recentemente, enquanto docentes e pesquisadoras, uma segunda temática nos aproximou ainda mais e nos provocou outras reflexões: a maternidade.
Ah, a maternidade… experiência única, intensa e diversa para cada mulher, que proporciona momentos também diversos de alegrias e desafios. E, em um contexto de pandemia, com o Ensino Remoto Emergencial (ERE) em realização, muitos desafios foram potencializados e outros novos surgiram. E isso não só na maternidade, mas na Educação como um todo, e na Educação Matemática também. As tecnologias digitais assumiram, forçosamente, um papel central nesse período, mediando praticamente toda e qualquer comunicação entre docentes e discentes em diferentes contextos e níveis de ensino, quando havia condições de acesso e infraestrutura, ainda que de modo bastante assimétrico e diante de um cenário cercado de desafios e entraves.
Foi no contexto de debates e trocas de experiências sobre essas temáticas que surgiu a ideia do projeto “Uso Humanizado de Tecnologias Digitais em Educação Matemática: escuta, autoria e colaboração”, o qual apelidamos de Matemática Digital Humanizada (MaDHu).
O termo “humanizado” inicialmente emergiu com referência a questões da maternidade por nós vivenciadas, como parto humanizado e atendimento médico humanizado, mas a expressão também encontra embasamento em autores como Paulo Freire e Ubiratan D’Ambrosio no contexto da Educação e da Educação Matemática, e que pretendemos ainda lapidar teoricamente ao longo do desenvolvimento do projeto.
Nosso objetivo é investigar, elaborar e analisar processos educativos que façam um uso humanizado, ou usos humanizados, de tecnologias digitais, com foco em processos que envolvam escuta, autoria e colaboração por parte de professores e estudantes. A proposta é trabalharmos em diferentes contextos e níveis de ensino e, para isso, pretendemos contar com contribuição de pesquisas em nível de Iniciação Científica, mestrado e doutorado, as quais serão por nós orientadas.
No projeto, serão desenvolvidas ações de intervenção pedagógica ou voltadas à formação de professores (inicial ou continuada), presenciais ou virtuais, a depender do contexto de retomada de atividades pós-pandemia e de outros fatores. Nessas ações serão favorecidos e estimulados processos colaborativos, momentos em que os participantes das ações possam ser ouvidos ativamente, que possam produzir materiais digitais, expressar e compartilhar sua aprendizagem, suas crenças, aspectos de sua historicidade, de sua cultura e relações que eles mesmos estabeleçam com suas experiências prévias e atuais, envolvendo os gestores das ações e/ou os demais participantes. Essas ações e reflexões sobre elas disparadas a partir de eventuais entrevistas semiestruturadas constituirão procedimentos a serem conduzidos com vistas a contemplar os objetivos da pesquisa.
O projeto é recém-nascido, uma vez que teve início oficialmente em dezembro de 2022, mas nos parece promissor em vários sentidos. Um deles é que irá proporcionar um estreitamento entre o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática, Modelagem e Tecnologias (GEPEMMTec) da UFRGS e o Grupo de Pesquisa Tecnologias Digitais, Mobilidade e Educação Matemática (TeDiMEM) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), além de integrar pesquisadores de outras universidades, sendo duas pesquisadoras estrangeiras, uma da Argentina e outra de Portugal. Ainda, o projeto foi contemplado, recentemente, com apoio financeiro pela Chamada Fundect n.º 10/2022 Mulheres na Ciência Sul-Mato-grossense, que é bastante significativa, tendo em vista alguns dos aspectos que influenciaram a elaboração do projeto. Somos gratas por esse apoio financeiro e também por este espaço no JU para divulgarmos nossos planos de pesquisa. Esperamos, em breve, trazer novidades de bons frutos do projeto.
Para acompanhar nosso trabalho, visite nossas redes sociais: @gepemmtec_ufrgs e @tedimemufms.
(*) Débora da Silva Soares é professora do Programa de Pós-graduação em Ensino de Matemática (PPGEMAT) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática, Modelagem e Tecnologias (GEPEMMTec).
(*)Aparecida Santana de Souza Chiari é professora do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática (PPGEduMat) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e líder do Grupo de Pesquisa Tecnologias Digitais, Mobilidade e Educação Matemática (TeDiMEM)