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Um ano de aulas presenciais pós-pandemia: o que podemos esperar das plataformas?

Maria Hosana Conceição e Christian Mateus O. de Souza (*) | 29/03/2023 08:28

Na segunda feira, 27 de março, iniciamos o 1/2023, com mais uma semana de boas-vindas aos estudantes calouros da Universidade de Brasília (UnB). Assim, tivemos a palestra do Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, o professor Silvio Almeida, que nos apresentou o tema sobre Direitos Humanos, Estado e Crise. Esse tema nos motivou/entusiasmou a pensar no nosso papel de professores, principalmente, no contexto da continuidade dos nossos trabalhos, em sala de aula, na pós-pandemia.

Assim, esse artigo de opinião pretende contribuir, com os nossos trabalhos na UnB, através de um estudo qualitativo sobre a percepção de 38 estudantes acerca de diferentes recursos metodológicos utilizados para a condução da disciplina de Química Orgânica Básica, oferecida pela Faculdade de Ceilândia (FCE/UnB). Tais estudantes fizeram parte de dois semestres distintos, sendo 17 estudantes do semestre 2021/2, ministrado no formato virtual e 21 estudantes do semestre 2022/1, ministrado no formato presencial. Em ambos os semestres, foram utilizados os recursos do  Office 365 [O365], como por exemplo, a plataforma Teams e suas funcionalidades, Caderno Virtual e Questionários via Forms; as plataformas Socrative e Molview, além da realização de atividades práticas envolvendo experimentos no laboratório de química, no semestre de 2022/1.

Para conhecer a opinião/percepção dos estudantes quanto aos recursos tecnológicos, preparamos o questionário Forms com perguntas de respostas curtas. Os estudantes foram convidados a responder, de forma voluntária e anônima, às quatro questões envolvendo cada recurso utilizado. Para comparar as percepções, em cada período letivo, foi utilizada a inteligência artificial do software IRAMUTEQ, que gerou 38 textos que foram agrupados em um corpus textual monotemático, que contou com o total de 4.619 ocorrências de 1010 diferentes formas lexicais ordenadas segundo os escores da Classificação Hierárquica Descendente [CHD]. Após o processamento dos dados, emergiram cinco classes temáticas. As classes 1 e 2, abordaram a utilização das ferramentas do O365, considerando o questionário Forms e o Teams, respectivamente.

Os relatos agregados na classe 1, demonstraram que os estudantes do formato virtual foram os mais propensos a apontar pontos negativos relacionados ao questionário Forms e consideraram que a distância proporcionada pelo modo de ensino virtual dificultou a interação entre estudante e professor, perpetuando dúvidas que poderiam ser sanadas, mais facilmente, no formato de aulas presenciais. Diferentemente, para a classe 2, plataforma Teams, tivemos uma maior parte dos segmentos de textos com os maiores escores dos estudantes do formato virtual. Logo, uma interpretação possível é a de que a utilização do Teams e seus recursos, Caderno e Chat, foram percebidos com mais riquezas de detalhes e utilidade pelos estudantes que possuíam limitações advindas da impossibilidade de comunicação presencial com colegas e a professora. As aulas presenciais e o Socrative foram abordados nas classes 3 e 4, respectivamente.

Os estudantes apontaram que as atividades experimentais facilitaram o entendimento sobre os conteúdos teóricos da química orgânica, agregando, positivamente, ao seu aprendizado, deixando evidente a percepção positiva dos estudantes com o retorno do formato presencial de ensino, descontinuado por alguns semestres devido à condição pandêmica que teve início ainda em 2020. Por outro lado, alguns relatos argumentaram que o uso do Caderno Virtual perde um pouco de sua utilidade com o retorno das aulas presenciais. Tais percepções nos fazem refletir sobre a necessidade de realizarmos estratégias para atender às necessidades específicas dos estudantes, nesse momento das aulas presenciais, quiçá ilustrar, na aula presencial, cada etapa do uso da plataforma.

Por outro lado, as percepções dos estudantes, do formato presencial, para essa tecnologia, apontaram os pontos fortes, tais como, agilidade, dinamicidade e possibilidade de rápido feedback.  Assim, a continuidade da utilização do Socrative no formato de ensino presencial se apresenta como frutífera, uma vez que a plataforma foi considerada, em geral, bem aceita pelos estudantes, salvo alguns problemas envolvendo conexão com a internet do campus.

A classe 5 apresenta a temática do MolView, um software de desenhos de estruturas químicas. Nesse sentido, os estudantes dos dois formatos de ensino perceberam inúmeros pontos positivos no MolView, por exemplo, a melhor visualização e facilidade de desenho de cadeias carbônicas, possibilidade de visão 3D de moléculas e desenvolvimento de raciocínio sobre o conteúdo. Assim, interpreta-se que este é um recurso tecnológico que deve ser continuado no ensino presencial, pois seus benefícios foram percebidos, igualmente, por estudantes dos dois formatos de ensino.

Com tudo isso, a nossa opinião é que podemos esperar muito das plataformas tecnológicas e, além disso, consideramos que estamos no caminho certo quanto à continuidade do uso dos recursos tecnológicos que aprendemos e praticamos nas aulas de capacitação oferecidas pela Procap/UnB e pelo Cead/UnB durante o período da pandemia da covid-19.

(*) Maria Hosana Conceição é professora da Faculdade de Ceilândia.

(*) Christian Mateus Oliveira de Souza é estudante de Farmácia da FCE/UnB.

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