À beira do "apagão postal", Correios atrasam entregas
Sindicato clama por concurso público diante do sucateamento da estatal
O ato de fazer compras pela internet tornou-se um hábito no século 21. De itens de vestuário, eletrônicos, decoração a medicamentos. Há quem já mobiliou a casa com objetos oriundos de outros países, importados através da tela do computador ou celular. No entanto, a alta demanda do transporte via Correios ainda é um problema para muita gente e consumidores de Mato Grosso do Sul não escapam.
Pontuais atrasos são resultantes da falta de funcionários, conforme ouviu o repórter cinematográfico de 50 anos, Jairton Bezerra, ao buscar por um objeto que imaginava ter perdido. Ele comprou um tênis pela internet. O item veio da China e deveria ser entregue em até 21 dias úteis, mas até hoje não chegou.
"O prazo era até 5 de janeiro. Fui até a central de distribuição e me disseram que o pacote estava em outra unidade, no Bairro São Lourenço, mas que não poderia buscar pela falta de funcionários responsáveis pelo rastreamento. A atendente disse que não poderia me ajudar", disse.
O cinegrafista duvidou da afirmação, mas recebeu da servidora mais detalhes. "Ela ainda explicou que [os Correios estão com] deficit de funcionários por falta de concurso público. Saí de lá de mãos vazias e na angústia, até o pedido ser selecionado e transportado para minha residência".
E o caso de Jairton não é exceção. Gustavo Bonotto, jornalista de 24 anos que assina essa reportagem, verificou seus dados no portal de importações dos Correios durante a produção da matéria e encontrou encomendas "perdidas", no aguardo de pagamento de tributos ou transferência entre unidades de tratamento. Um dos objetos, disco de vinil comprado em 27 de novembro de 2023, cujo prazo estimado para a entrega era de 30 dias, está longe de chegar.
Descaso - Por meio de nota, publicada na tarde de quinta-feira (11), o Sintect-MS (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares de Mato Grosso do Sul) pontuou que as seis unidades da Capital estão abarrotadas de objetos postais por falta de efetivo.
"O último concurso público ocorreu em 2011, e a cada dia que passa, trabalhadores saem da empresa ou se aposentam não tendo reposição de postos de trabalho. A realidade hoje é de verdadeiro caos, à beira do apagão postal", cita o texto.
Por telefone, o Campo Grande News conversou com Wilton dos Santos Lopes, presidente do sindicato responsável pela categoria. Além dos problemas já citados, o gestor pontuou que a estatal está sucateada. "A gente não tem funcionários, sofremos com isso no governo anterior pois havia um plano de demissão incentivado, proposto para a privatização dos Correios. Lutamos muito contra tudo isso pois a entrega postal é um serviço essencial".
Wilton espera que um processo seletivo seja anunciado em breve. "Ano passado foi um ano de reconstrução, de reorganização da empresa. Mas agora, a classe clama por concurso público. Temos muitos postos de trabalhos vagos e os poucos trabalhadores não estão dando conta da evasão nos objetos postais. Não é só pelos Correios, e sim pela economia".
O serviço chega a todos os lugares, de norte a sul, com custo acessível. Cumprimos um papel social importante para a sociedade, que vai desde a entrega de encomendas, aos livros didáticos, urnas eletrônicas, envio de medicamentos", discorreu o sindicalista.
O outro lado - A reportagem questionou a assessoria de imprensa da estatal, mas não obteve retorno até o fechamento do texto. O espaço seguirá aberto para declarações futuras.
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