A cada 11 dias, uma mulher foi assassinada em MS, vítima de homem machista
Em Campo Grande, 11 mulheres foram mortas neste ano; em 2019, foram cinco
Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais mata em razão de gênero do País. Neste ano, o número de feminicídios chegou a 33 por aqui. Ou seja, a cada 11 dias, uma mulher foi morta no Estado. Titular da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), a delegada Fernanda Félix ressaltou que o machismo, enraizado na sociedade, é um dos principais motivos pelos quais as mulheres morrem.
A violência doméstica e familiar, representa, segundo relatório do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes), a maior causar de mortes violentas de mulheres em todo o mundo. Segundo divulgado no Atlas da Violência de 2020, em 2018, 4.519 mulheres foram mortas no Brasil.
Dados levantados pelo Campo Grande News com a Deam apontam que, somente em Campo Grande, 11 mulheres foram assassinadas entre o dia 1º de janeiro ao dia 15 de dezembro, seis a mais do que no mesmo período do ano passado.
Conheçam, agora, por ordem cronológica, os crimes que marcaram as páginas policiais na Capital:
18 de janeiro - Regiane Fernandes de Farias, 39 anos, foi a primeira vítima de feminicídio em Campo Grande neste ano. Ela chegava ao trabalho, numa floricultura na Rua Vitório Zeola, no Bairro Carandá Bosque.
A florista foi abordada pelo ex-namorado, Suetônio Pereira Ferreira, 57 anos, ainda tentou conversar com o homem, mas foi atingida por disparos. Depois de balear Regiane, o autor atirou contra o próprio ouvido. Ela morreu horas depois na Santa Casa de Campo Grande. O ex recebeu alta e foi preso.
29 de fevereiro - Maxelline da Silva dos Santos, 28 anos,foi a segunda mulher morta na Capital em 2020. A vítima participava de uma festa na casa de amigos, no Jardim Noroeste, quando o ex-namorado, o guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, 35 anos, foi ao local.
O guarda conversou com a vítima por quase meia hora, na tentativa de reatar o relacionamento. O diálogo, conforme o relato, inicialmente foi calmo, mas os dois começaram a se desentender quando Maxelline disse "eu não quero" ao convite do guarda municipal para os dois irem embora.
Valtenir atirou contra dois amigos de Maxelline e, por último, disparou contra a cabeça da ex-namorada à queima roupa. Ele fugiu e se entregou à polícia seis dias após o crime.
5 de abril - A vendedora Graziela Pinheiro Rubiano, 36 anos, sumiu em abril deste ano e, até o momento, o corpo não foi localizado. No dia 19 do mesmo mês, o marido, Rômulo Rodrigues Dias, 33 anos, foi preso.
O técnico de enfermagem nunca assumiu o crime, porém, durante investigações da DEH (Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Homicídios), foram encontrados vestígios de sangue no carro e na casa onde o casal morava. As amostras foram submetidas a exame de DNA e material comparado ao da filha de Graziela. O resultado foi 99% compatível.
9 de abril - Antônia Carlos Sales, 72 anos, foi morta a golpes de facão pelo próprio filho, Adão Alves de Sales, 45 anos, no Bairro Universitário. O assassino disse à polícia que bebeu e sofreu um "apagão".
Ele afirmou que é alcoólatra e estava numa clínica de reabilitação. Mas, dez dias antes do crime, o projeto social que mantinha o programa para tratamento de dependentes químicos mandou os internados para casa, porque não tinha mais condições de mantê-los seguros diante da pandemia do coronavírus.
14 de abril - Maria Graziele Elias de Souza, 21 anos, desapareceu no dia 14 de abril após encontrar o ex-marido, Lucas Pergentino, 26 anos. Eles passaram a noites juntos, o autor buscou a jovem no trabalho, mas a matou asfixiada quando ela tentava deixar o imóvel.
O corpo da jovem foi encontrado na tarde o dia 19 de abril, às margens da BR-262. Lucas foi preso no dia 25, aproximadamente seis horas após chorar no velório da ex. Ele tentou sustentar um personagem acima de qualquer suspeita.
1º de maio - Seguindo a lista das "Grazis", Graziele Quele Ferreira Gomes, 39 anos, foi encontrada morta dentro de uma fossa desativada de uma residência da Rua Pintassilgo, no Bairro Morada Verde. Edson Firmo Camargo, 39 anos, traficante conhecido como "Hulk", admitiu que, durante briga, deu uma cotovelada na namorada.
Graziele, conforme concluiu a perícia, morreu em decorrência de uma fratura na coluna cervical, indicativo de que foi vítima de muita violência. Ela também tinha várias escoriações e muitos ferimentos no rosto. Três pessoas foram presas por ajudar o homem a ocultar o cadáver.
30 de junho - Carla Santana Magalhães, 25 anos, foi sequestrada na porta de casa, o Bairro Tiradentes, no dia 30 de junho, e encontrada morta, na esquina da mesma rua, no dia 3 de julho, com sinais de tortura e violência sexual.
Assassino confesso, Marcos André Vilalba de Carvalho, 21 anos, foi preso dias depois. Carla foi foi esfaqueada e sofreu um corte no pescoço, conhecido como esgorjamento. Ela também teve o corpo violado depois de morta. O assassino contou à polícia que matou a jovem por causa de um "bom dia" não respondido.
15 de agosto - Margareth de Jesus Fernandes, 35 anos, foi morta a tiros pelo padastro, Ademir Ferreira Lima, 50 anos, no loteamento Vespasiano Martins, em Campo Grande. Ele também baleou a amiga da vítima.
Após o crime, Ademir foi espancado por moradores da região. A motivação seria uma briga entre dois.
28 de setembro - A vítima de setembro foi Yasmin Beatriz Almeida Guedes, 18 anos. A jovem foi morta a tiros na Rua João Trivellato, região do Jardim Colibri.
O principal suspeito suspeito do crime é o ex-namorado da jovem, Hércules Alves de Souza, 21 anos. Ele tem diversas passagens pela polícia e está foragido desde o dia do assassinato.
30 de novembro - Dulci da Silva Martinelle, 80 anos, foi encontrada morta na casa onde vivia, no Bairro Tarsila do Amaral. O marido, Vicente Mendes de Campos, 76 anos, colocou fogo na residência.
O casal estava junto havia 10 anos e, nos últimos tempos, o autor começou a apresentar comportamento agressivo e impedia a vítima de ter contato até com os familiares. Dulci morreu asfixiada. O marido segue internado na Santa Casa.
4 de dezembro - Quase dois anos após matar a sogra, Wantuir Sonchini da Silva, 43 anos, matou a ex-mulher, Fabiana Lopes dos Santos, com 19 facadas no Bairro Parque do Lageado. Ela se recusava a retomava o relacionamento.
Wantuir foi encontrado morto no dia 9 de dezembro, pendurado pelo pescoço numa árvore às margens da BR-262, No período da tarde, a Polícia Civil da cidade recebeu informação de que um corpo tinha sido encontrado pendurado pelo pescoço numa árvore, próximo ao Posto Aparecidinha, às margens da BR-262, em Ribas do Rio Pardo.