Acusado de liderar quadrilha, policial mantém salários de R$ 10 mil
Em pedido à Justiça, ele reclamou que a conta onde recebe está boqueada mas juiz disse que salários estão sendo pagos normalmente
Preso desde junho do ano passado, durante a Operação Laços de Família, contra o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, o subtenente da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sílvio César Molina de Azevedo, pediu na Justiça o desbloqueio da conta em que recebe os salários, mas recebeu resposta negativa do magistrado responsável, Bruno César Teixeira, da 3ª Vara da Justiça Federal. Em despacho desta terça-feira, o magistrado afirma que o pedido sequer faz sentido, pois os vencimentos nunca deixaram de ser pagos e a conta citada não está sob bloqueio judicial.
Transferido em janeiro para o Presídio Federal de Mossoró (RN), Sílvio Molina é acusado de liderar quadrilha de tráfico de drogas. No despacho, o juiz cita que a defesa de Molina alegou necessidade de desbloqueio da conta em razão de ele ter filha pequena.
O magistrado, porém, anota que “não há valor algum bloqueado em suas contas bancárias por ordem judicial deste Juízo, tampouco existe impedimento de movimentação de sua verba salarial”. O portal da Transparência estadual mostra pagamento mensal de R$ 10,6 mil brutos ao subtenente. Líquido, o montante é de R$ 7,6 mil.
Ainda de acordo com o juiz, chegou a haver uma tentativa de bloqueio nessa conta, quando foram achados R$ 1,1 mil, no dia 29 de junho deste ano, mas o valor foi liberado 4 dias depois.
“Os proventos salariais do réu estão totalmente disponíveis e, inclusive, estão frequentemente sendo utilizados”, escreve Bruno César Teixeira.
A acusação - Quando a Laços de Família foi deflagrada, a Polícia Federal apreendeu com o grupo R$ 317 mil em dinheiro, joias avaliadas em R$ 81,3 mil, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga.
Ao todo, foram 136 ordens de sequestros de veículos e sete mandados para apreender helicópteros, além de cinco mandados de sequestro de embarcações de luxo e 25 mandados de sequestro de apartamentos, casas, sítios, imóveis comerciais.
A investigação indica que o grupo chefiado por Molina liderava um grupo que atuava com características de máfia em Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande, e tinha relações comerciais com o PCC (Primeiro Comando da Capital).