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Cidades

Advogado de “Marcola” nega ligação com PCC, quer depor e mostrar celular ao MP

Citado por advogado de MS, Marco Antonio Arantes de Paiva também passou a ser monitorado pelo Gaeco

Anahi Zurutuza | 29/03/2022 19:37
Marco Antonio Arantes de Paiva durante evento da OAB, em Guarulhos (SP). (Foto: Youtube/Reprodução)
Marco Antonio Arantes de Paiva durante evento da OAB, em Guarulhos (SP). (Foto: Youtube/Reprodução)

Advogado de Marco Willians Herbas Camacho, o narcotraficante conhecido como “Marcola”, há 15 anos, Marco Antonio Arantes de Paiva quer prestar depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul para provar que nada tem a ver com “Sintonia dos Gravatas”, núcleo do PCC (Primeiro Comando da Capital) alvo da Operação Courrier.

O defensor de “Marcola” teve o nome envolvido nas apurações sobre a atuação de advogados em favor da facção criminosa por um dos principais investigados, o advogado de Campo Grande, Bruno Ghizzi. Conforme descrito no relatório elaborado pelo juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal, antes de decidir as prisões e as buscas contra operadores do Direito e servidores que supostamente integram o núcleo de “apoio jurídico” do PCC, Ghizzi revelou a delegado da Capital que mantinha contato com Marco Antonio Paiva.

Consta da decisão que autorizou a operação, desencadeada na sexta-feira passada, que o advogado da Capital teria sido questionado pelo representante de “Marcola” sobre transferências de presos da Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, a “Supermáxima” da Capital, para outras unidades penais com regras “mais brandas”. O trecho deixa subentendido que Paiva levaria informações ao cliente. A partir da menção por parte de Ghizzi, o advogado de São Paulo passou a ser monitorado.

Marco Willians Camacho é apontado em inúmeras outras investigações como um dos principais líderes do PCC e também já foi citado como responsável pelo “braço jurídico” da facção. Atualmente, ele cumpre as penas que somam centenas de anos de reclusão na Penitenciária Federal de Brasília (DF).

Outros trechos da mesma decisão citam interceptação telefônica em que o advogado de “Marcola” conversa com um interlocutor sobre execução ocorrida em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira seca com Mato Grosso do Sul, em outubro do ano passado.

Trecho de relatório elaborado por juiz em que advogado de "Marcola" é citado. (Foto: Reprodução)
Trecho de relatório elaborado por juiz em que advogado de "Marcola" é citado. (Foto: Reprodução)

Marco Antonio Paiva se defende dizendo que atua na profissão há quatro décadas, mora no mesmo local há 25 anos e trabalha no mesmo escritório há 30. Além disso, já fez parte de diversas comissões da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ele afirma que teve o nome envolvido na Operação Courrier com base em “deduções sobre atos presumidos como criminosos”.

Paiva não nega que conheça Ghizzi. Ele explica que em fevereiro de 2021, foi contratado por estrangeiro preso na Supermáxima da Capital desde maio do ano passado. O defensor, então, veio à Capital algumas vezes e teve “encontro profissional” com o advogado local na primeira semana de julho.

O advogado paulista negou à reportagem ter qualquer ligação com a facção. “Não sou advogado de PCC. Não vejo Marco Willians desde 2019. Apenas o represento em alguns processos”, lembrando que o cliente nega ser líder de organização criminosa em seus interrogatórios.

Paiva afirma que quer ser ouvido pelo Gaeco “para dar conhecimento na investigação de dados e elementos concretos sobre sua vida pessoal e profissional”. Ele diz estar disposto também a entregar o celular, cujo número usa “há mais de 10 anos”, para os responsáveis pela investigação.

“Sintonia dos Gravatas” – No dia 25, Gaeco e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), além de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) foram às ruas da Capital, Dourados, Jardim e Jaraguari para cumprir um total de 38 mandados judiciais.

Além de prender 4 advogados – Bruno Ghizzi, Inaiza Herradon Ferreira, Paula Tatiane Monezzi, Thais de Oliveira Caciano –, a operação também levou para a prisão, o agente penitenciário Jonathas Wilson Moraes Cândido, o analista judiciário Rodrigo Pereira da Silva e Kamila Mendes de Souza. Há ainda servidores da Defensoria Pública suspeitos de envolvimento no esquema.

Os alvos são investigados por integrarem organização criminosa, violação do sigilo profissional e corrupção passiva e ativa.

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