Alvo da Omertà e famoso por ostentar dinheiro, Rodrigo Patron sai da prisão
Para juiz, o réu compõe o núcleo de apoiadores, mas sem posição de destaque
Preso na operação Omertà e famoso por ostentar maços de dinheiro, o pecuarista Rodrigo Betzkowski de Paula Leite, o Rodrigo Patron, trocou a cela da Penitenciária Masculina de Regime Fechado da Gameleira por tornozeleira eletrônica.
A decisão é do juiz da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, Roberto Ferreira Filho. O magistrado destacou que ele estava preso desde 18 de junho de 2020 por prática de gravíssima conduta de integrar organização criminosa armada.
Porém, na análise da denúncia, verifica-se que Rodrigo, em tese, compõe o núcleo de apoiadores ao lado de diversos outros acusados. “Ou seja, não possui posição de destaque, nem posição privilegiada na hierarquia da organização”.
Além do tempo da prisão, o juiz apontou condições pessoais favoráveis ao réu: é primário, possui bons antecedentes, trabalho lícito e residência fixa.
“Com a devida vênia aos zelosos Promotores de Justiça, cabe destacar que as medidas cautelares, em especial a prisão preventiva, pautam-se pelos princípios da provisionalidade e da provisoriedade”, informa o magistrado na decisão.
Rodrigo deve comparecer mensalmente em juízo; não mudar de residência sem prévia comunicação; não se ausentar da comarca, por mais de oito dias, sem prévia autorização; cumprir recolhimento domiciliar noturno no período compreendido entre 20h e 6h de segunda a sexta; e recolhimento em período integral durante sábados, domingos e feriados.
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) entrou com recurso contra a decisão que substituiu a prisão preventiva por monitoramento com tornozeleira eletrônica.
Segundo a promotoria, os dados telemáticos demonstraram que Rodrigo Patron se dedicava rotineiramente ao transporte de grandes quantias em dinheiro vivo e também de armas de fogo, “a reforçar o seu envolvimento com a organização criminosa e própria pistolagem”. Também é destacada a proximidade com o policial federal afastado Everaldo Monteiro de Assis, acusado de fazer pesquisas sobre alvos que seriam executados.
Fotografias mostram os dois juntos em Ponta Porã, fronteira com o Paraguai, em 17 de outubro de 2018, nove dias antes da execução de Orlando da Silva Fernandes, o Bomba.
De acordo com o advogado Rodrigo Correa do Couto, o juiz entendeu que o suposto envolvimento do réu é muito pequeno. Sobre a proximidade com Everaldo, a defesa aponta que Patron era motorista voluntário durante a campanha eleitoral do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, então candidato a governador. O policial federal era responsável pela segurança de Odilon.
“No que tange ao dinheiro, ele vendia carro e ajudava o avô, que participava de leilão de gado. As fotos eram para tirar onda com os amigos”, afirma Rodrigo Couto. Já imagens com passaporte e dólares foram retiradas da internet.
Quanto ao apelido de Patron, o advogado afirma que é por conta de um canal sobre veículos que o réu pretendia fazer no Youtube, que se chamaria Patrons Car. “Mas na campanha do Odilon, o Rodrigo era chamado de Bebezão. O próprio Everaldo não conhecia ele pelo apelido Patron”.