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Cidades

Amarrados, sujos e sem comida, cães são recolhidos de canil na MS-040

Ao todo, foram recolhidos 44 animais; eles eram comercializados pelo dono como cães de caça por valores entre R$ 500 e R$ 2 mil

Maressa Mendonça e Clayton Neves | 23/09/2019 13:26
Animais foram recolhidos pelo CCZ após constatação de maus tratos (Foto: Marina Pacheco)
Animais foram recolhidos pelo CCZ após constatação de maus tratos (Foto: Marina Pacheco)

Ao menos 44 cachorros da raça foxhound americano foram resgatados na manhã desta segunda-feira (23) em canil mantido numa fazenda na MS-040, em Campo Grande. Os bichos estavam amarrados, expostos ao calor, sem água ou alimentação adequada. Além disso, alguns deles estavam em um cubículo repleto de fezes.

O fazendeiro responsável pelos animais disse ter ficado surpreso ao ser informado sobre a situação de maus-tratos. Ele adestrava os cães para caça e vendia para todo o Brasil por valores entre R$ 500 e R$ 2 mil.

O investigador Alexei Rocha, da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), explicou que denúncias sobre o caso foram recebidas na última quinta-feira (19). Na ocasião, investigadores e servidores do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) foram até a propriedade e confirmaram a queixa. Hoje, recolheram os bichos.

Quando a equipe chegou, encontrou os animais magros, amarrados com uma corda, sem água e sem alimentação adequada. A sujeira do ambiente também chamou atenção. Alguns bichos estavam comendo fezes. “Isso demonstra que não estavam sendo bem atendidos”, comentou o investigador.

Em um galinheiro usado como “canil improvisado”, que não era limpo há meses, foram encontrados oito filhotes e apenas um pote pequeno com água também amarelada.
Outros 10 animais estavam amarrados em árvores sem tigela de água ou comida nas proximidades. Ainda foram encontradas duas cadelas, uma havia parido no dia anterior e outra está prenha. Veja detalhes no vídeo:

O policial reforça a necessidade de um espaço com estrutura e instalação adequada para cuidar de tantos animais, inexistente ali naquela fazenda.

A agente fiscal sanitária do CCZ, Heloísa Gonçalves Oliveira, comentou que os bichos não serão levados para a sede do órgão, mas para ONGs (Organizações Não-Governamentais) parceiras. Essas entidades vão ficar como fiéis depositárias dos animais até que haja encaminhamento. Eles foram vacinados contra raiva ainda na propriedade.

Nesse processo de triagem, os bichos também receberam chips de identificação, foram fotografados e identificados também quanto a possíveis lesões. Eles foram classificados como SRD (Sem Raça Definida). Isto porque apesar da predominância da raça americano, alguns foram cruzados com outras raças. O objetivo do fazendeiro era melhorar a genética dos animais comercializados como cães de caça, especialmente Javali.

O proprietário da fazenda Joilson Ferreira, de 59 anos, conversou com a reportagem do Campo Grande News e disse ter trabalhado a vida inteira com venda de animais, seguindo o exemplo do pai dele. Ele não consegue enxergar a situação dos bichos como maus-tratos.

“Não sei o que foi observado que configura maus-tratos. Fui pego de surpresa”, declarou ele, reclamando de não ter sido “notificado” durante a primeira visita do CCZ e da Decat a resolver a situação. “Se fosse maus-tratos nem vivos eles estariam”, completou.

Ele será levado para a Decat para prestar esclarecimento sobre o caso. Veja mais imagens na galeria:

Confira a galeria de imagens:

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