Atraso em programa já atinge salários e leva sindicato aos canteiros de obras
Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil aponta risco para empregos de operários com atraso de 90 dias em pagamentos do governo federal por serviços
Dirigentes do SintraconCG (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campo Grande) iniciaram nesta quinta-feira (4) uma série de visitas a canteiros de obras do Minha Casa, Minha Vida, a fim de alertar os operários sobre a possibilidade de as empresas paralisarem os serviços, diante de um atraso que chega a 90 dias nos pagamentos do programa que já causa atrasos nos pagamentos de salários. A ação foi realizada nas obras do Residencial Sírio-Libanês, no oeste da Capital, onde são construídas 256 moradias.
José Abelha Neto, presidente do sindicato, disse que cerca de 100 trabalhadores atuam naquele canteiro de obras, comandado pela Engepar, e que teriam os salários e até os empregos sob ameaça diante da demora da União em repassar verbas do Minha Casa, Minha Vida, às empreiteiras –situação que ocorre nacionalmente. Destes, 70 participaram da reunião no local.
“A visita é para alertar os trabalhadores sobre a situação dos repasses, que está atrasado. O dinheiro está disponível, mas ficou parado burocraticamente e a empresa pode paralisar a obra porque não está recebendo”, justificou o sindicalista. Abelha Neto afirma que já há casos de atrasos salariais próximos a cinco dias para funcionários de empresas, enquanto trabalhadores que foram desligados encontram dificuldades não receberam a rescisão. “Isso começou no fim do ano passado”.
O sindicato estima que até 10 mil trabalhadores podem ser prejudicados com os atrasos nos repasses, tendo seus empregos em risco. Somente na Capital, entre 15 e 20 canteiros de obras do Minha Casa, Minha Vida, podem enfrentar problemas. “A maior preocupação é com os trabalhadores que podem ser demitidos”, emendou Abelha Neto.
A Engepar, segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores, estaria entre as empresas que podem paralisar trabalhos em virtude dos atrasos, atingindo até 900 trabalhadores em todos os sete canteiros de obras sob sua responsabilidade. Junto à empresa, o Campo Grande News apurou que todos os casos de atrasos salariais em seus canteiros foram resolvidos na quarta-feira (6).
Por outro lado, na empreiteira, também se admite a possibilidade de paralisação das obras caso os pagamentos não sejam feitos. A alegação é de que o dinheiro realmente está disponível, mas não foi liberado.
Previdência – Na visita, Abelha Neto também abordou a questão da reforma da previdência, cuja proposta começa a tramitar na Câmara dos Deputados. Segundo ele, o setor será um dos mais atingidos com as propostas em discussão.
“Os trabalhadores da construção civil serão um dos mais prejudicados com a reforma porque, hoje, aposentam-se com 35 anos. Imagine como será com 40 anos diante da sazonalidade: o trabalhador tem a carteira registrada, depois é demitido, fica um tempo parado, volta a trabalhar sem registro e depois novamente tem a carteira”, explicou o sindicalista.
Ele ainda apontou que o tempo de contribuição com carteira assinada para obter o benefício subiria dos atuais 15 anos para 25.