Avanço da agricultura coloca em risco mais áreas de preservação de Bonito
No ano passado, o Rio da Prata perdeu o tom cristalino e foi tomado pelo marrom da lama após uma chuva
O avanço desenfreado da agricultura na cidade de Bonito, distante a 257 quilômetros de Campo Grande, sem as práticas de preservação ambiental, está colocando cada vez mais em risco os principais pontos turísticos da região. Desta vez, os novos pontos identificados são na região do Rio do Peixe, Nascente Azul e Gruta do Mimoso.
Distante aproximadamente a 20 quilômetros da área urbana de Bonito, uma propriedade rural perdeu o verde e deu espaço ao marrom do desmatamento que, em breve, será tomado pela agricultura. ''Nesta região tem o Rio do Peixe, a Nascente Azul, um pouco mais pra frente tem a Ceita Corê, que também está devastada com a agricultura", relevou um morador da cidade ao Campo Grande News.
Segundo o leitor, a maior parte das propriedades onde ocorrem os problemas são áreas arrendadas. ''O arrendatário não tem compromisso com a cadeia produtiva. Quer extrair tudo o que pode da área enquanto puder. Os donos dos passeios estão apavorados", disse.
Ameaça aos rios – O desmatamento no município é ameaça para os rios das região e está provocando o assoreamento e o turvamento das águas.
Sem barreiras físicas, a enxurrada da chuva segue para as estradas, chega aos rios menores, que vão desaguar nos chamados rios cênicos e os sedimentos turvam as águas cristalinas. A falta da curva de nível em lavouras de soja em duas fazendas levou lama ao Rio da Prata no ano passado.
A expansão de áreas desmatadas em Bonito tem chamado a atenção do MPE/MS (Ministério Público Estadual em Mato Grosso do Sul), que já instaurou vários inquéritos para apurar as irregularidades.
Na semana passada, o governo divulgou no DOE (Diário Oficial do Estado) um decreto que determina que donos de propriedades rurais localizadas nos municípios de Bonito e Jardim apresentem à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) um projeto técnico de manejo e conservação do solo e água antes da execução.
Conforme o governo, a medida tem por objetivo preservar os recursos hídricos da região, reduzir o impacto do acarreamento de sedimentos aos rios e córregos, principalmente no período de chuvas e evitar maiores prejuízos ao meio ambiente e atividades econômicas coexistentes em Bonito e Jardim, como a agricultura e o turismo.