Chefe do Incra em MS diz que foco é regularizar documentos de 25 mil assentados
Paulo Roberto da Silva foi nomeado para o Incra em MS e diz que reforma agrária não deve começar este ano
A regularização de documentos de pelo menos 25 mil assentados em Mato Grosso do Sul é uma das prioridades da primeira etapa da gestão do novo superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto da Silva, 57 anos.
Já os processos de reforma agrária não devem ser iniciados em 2023. “Nós precisamos retomar, é o foco do governo, acontecerá aqui, obviamente não em curto prazo, mas será retomado”, disse Silva, em entrevista ao Campo Grande News.
A nomeação de Silva foi publicada na edição de hoje do Diário da União, mas a posse oficial somente deve ocorrer na próxima semana, segundo ele.
Desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os movimentos voltaram a se movimentar, de olho na reforma agrária. Em MS, há pelo menos sete acampamentos ativos e que já recebem novos integrantes, com montagem de barracas às margens de rodovia. Porém, esta será uma segunda etapa dos trabalhos do Incra.
Entre as prioridades no início da gestão, Silva diz que é preciso regularizar a documentação de pelo menos 25 mil dos 40 mil assentados em Mato Grosso do Sul, como certidões e títulos da terra.
Sem os dados, as famílias não conseguem ter acesso a políticas públicas, como aquisição de crédito rural. “A gente precisa colocar esse pessoal para acessar esses programas, para dinamizar processo de desenvolvimento local e regional”, explicou.
Depois disso, o processo de reforma agrária entra no radar do Incra. Silva diz que a perspectiva é que estas ações sejam iniciadas em Sidrolândia, Ponta Porã, Itaquiraí e Nioaque. “Esses polos terão instituição forte no nosso governo, mas não quer dizer que outras não serão alcançadas”.
Acordo – O novo superintendente do Incra acredita que o temido Abril Vermelho segue sem invasões em Mato Grosso do Sul por conta de diálogo com movimentos dos trabalhadores sem-terra desde janeiro. Em outros estados, em que o MST promoveu invasões, acredita que foram ações pontuais.
“O momento não é de acirramento”, lembrando que pretende manter a mesma política de boa vizinha com os representantes do agronegócio. “É preciso fazer de forma que o processo [reforma agrária] possa acontecer de forma integrada e sem conflitos”, disse.
Ex-vereador do PT em Ponta Porã, ex-superintendente da Pesca em MS na gestão de Dilma Rousseff e servidor estadual pela Agraer (Agência de Desenvolvimento e Extensão Rural), Paulo Roberto Silva diz que pretende aliar a experiência no setor agrário e político.