Com vai e vem de restrições, fica difícil projetar pico de casos para MS
Reflexo de isolamento social é visto a cada 15 dias, explica infectologista do COE (Comitê de Operações de Emergência)
O pico de contágio pelo coronavírus em Mato Grosso do Sul foi projetada para acontecer no início deste mês, mas o movimento “fique em casa” jogou a curva de casos para o começo de maio. A verdade é que com o vai e vem de medidas restritivas nas cidades, fica difícil fazer um cálculo preciso.
A resposta agora é “depende”. “Cada local vai viver sua própria epidemia”, explica a infectologista da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Mariana Croda, também integrante do COE (Comitê de Operações de Emergência) da SES (Secretaria de Estado de Saúde).
A médica explica que só com o aumento do número de pessoas submetidas a exames, por conta da chegada dos testes rápidos e “boa resposta do Lacen [Laboratório Central de Mato Grosso do Sul]”, o número de confirmações deve subir mais rápido. “O que nos mostrará um número mais real, porque quando mais casos conseguirmos detectar, melhor”.
A preocupação de quem trabalha no planejamento da contenção do avanço do novo vírus pelo Estado é com o relaxamento das restrições de aberturas do comércio, para o transporte coletivo e outras ressalvas adotadas por boa parte dos municípios em março.
“Todos estão com uma falsa sensação de segurança, porque o número de casos e óbitos ainda não são alarmantes. Mas, as estatísticas mostram que cada medida como a restrição leva duas semanas para ter impacto. Caso ocorra impacto negativo, será que daqui duas semanas que começaremos a ver”.
Qual o risco? – Volta à vida normal é muito arriscado, alerta a especialista. “Ir ao salão, a uma loja, ficar na fila da lotérica é tão complicado quanto ir a uma festa. Quinze minutos num local onde fica difícil manter os 2 metros de distância segura, é o mesmo que estar numa aglomeração maior de pessoas”.
Mariana Croda reitera que 15 dias de isolamento, como completaram muitas famílias em Campo Grande não é tempo suficiente para vencer a epidemia. “É o que eu sempre digo, são dois, no máximo 3 meses, por uma vida inteira”, ressalta sobre o perigo de ter a Covid-19 num momento em que o sistema de saúde ainda pode entrar em colapso e por isso, a chance de sobrevivência cai drasticamente.
Cenário – Nessa segunda-feira (6), dia do start na retomada gradual da "liberdade vigiada" em Campo Grande, o boletim epidemiológico da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) trouxe mais quatro confirmados em Campo Grande, que já tem 48 pessoas com o coronavírus. Em Mato Grosso do Sul são, portanto, pelo menos 69.
O Estado, por sua vez, teve a segunda morte pela doença, mais uma moradora da Batayporã. Hipertensa e diabética, Sônia Regina dos Anjos morreu aos 66 anos, na madrugada de ontem.