Crime organizado no alvo: Estados propõem até fim das “saidinhas”
Centro-sul do país se une para padronizar operações na fronteira e fazer compras conjuntas de equipamentos
Campo Grande sedia o terceiro encontro do SULMaSSP, que reúne secretários de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, de São Paulo, do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com o objetivo de atuar de forma coordenada para ampliar e fortalecer a repressão aos crimes nas fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia e, nas divisas entre os estados que compõem o bloco.
“Nosso objetivo é combater o crime organizado. Porque 70% do escoamento de ilícitos do país ocorre nessa região do país, já que os criminosos se aproveitam da infraestrutura construída para o escamento de produtos lícitos. Queremos a padronização de operações na fronteira”, pontuou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Muraro Derrite.
Ele também pontuou que após os dois primeiros encontros do bloco houve um andamento da proposta que surgiu de uma demanda dos secretários para proibir as saídas temporárias dos presos, em feriados, popularmente conhecidas como saidinha.
“Fiz um levantamento de 20 anos de saidinha em São Paulo. A cada liberação, são 30 mil presos que saem com a previsão de voltar. Mas nestas duas décadas, 126.095 não voltaram”, acrescentou.
O número deste projeto de lei é 2253/22 e já foi aprovado na Câmara dos Deputados. A promessa feita para o grupo dos secretários é que o texto entre em votação no Senado na próxima semana.
“Estatísticas apontam que há aumento da criminalidade quando ocorrem as saidinhas. Há aumento no número de presos e parentes que morrem neste momento. Somos a favor que haja o cumprimento da pena humanizada e a ressocialização dos presos”, disse o secretário de Segurança do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, que tomou a iniciativa desta discussão.
Além de propor mudanças na legislação que servem para mudar a ideia de impunidade dos criminosos e melhorar a sensação de segurança, o encontro que segue até esta amanhã (29) serão debatidos temas comuns aos estados que participam do SULMaSSP.
Um dos temas levantado na abertura é o fim do uso das câmeras no uniforme da polícia. O secretário adjunto de segurança de Santa Catarina, Freibergue Rubem de Nascimento, afirmou que o equipamento tem sido usado a favor do bandido.
“Não podemos usar as câmeras como um instrumento político para cercear o policial”. Ele também defendeu um maior investimento do governo federal para o bloco. “Existe a terceirização do trabalho da polícia federal com o uso das nossas forças. Fazemos o trabalho sem contrapartida, precisamos ter uma compensação”, ponderou.
A ideia é a mesma compartilhada pelo secretário estadual de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira. “Já existem correntes que definem o fim do uso da câmera, porque não reduzem os índices da criminalidade. Só empregaremos quando a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal tiver usando, para ter um software único que promova integração, armazenamento e padronização Não vou desviar dinheiro de compras para usar tecnologia que vai estar superado em alguns poucos anos. Temos que priorizar o que está funcionando e não ser laboratório que inclui despesas”.
Segundo o secretário, o setor precisa de investimentos, integração e inteligência. “Só assim teremos chance de ter sucesso. Vamos trabalhar de forma integrada para compilar os dados e subsidiar ações voltadas a todas essas regiões. Com isso, teremos novas operações. Atualização interrupta porque o crime é dinâmico”.
Além disso, já há uma preocupação com a demanda que vai surgir com a Rota Bioceânica. “As organizações criminosas vão se utilizar dessa rota de escoamento para ter nova rota de entrada para produtos ilícitos também. Desde de cigarro, agroquímicos, armas e munições. Com o SULMaSSP vamos produzir grandes resultados, com custos mais baixos”.
A integração será fundamental para ampliar a sensação de segurança da população em todo o país. De acordo com o vice-governador, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP), o Estado enxerga a segurança pública como um investimento e tem um olhar diferenciado para a questão da fronteira.
“Mas infelizmente o dinheiro repassado da União volta como uma parte pequena para o Estado. Precisamos ser ressarcidos por isso. O diálogo vai ser construído neste sentido, já que somos penalizados por nossa eficiência. Se é difícil fazer sozinho, integrado com os demais estados fica mais fácil combater o crime”, destacou.
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