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Cidades

Delegado dá dicas para reduzir furtos de veículos: “Não pode facilitar”

Operação da Polícia Civil provocou queda nos furtos e roubos, mas população ainda precisa tomar cuidados

Guilherme Correia e Bruna Marques | 12/07/2023 13:38
Motocicletas são os veículos mais comumente furtados e roubados, segundo a Polícia Civil; na foto, motos que vieram de crimes (Foto: Paulo Francis)
Motocicletas são os veículos mais comumente furtados e roubados, segundo a Polícia Civil; na foto, motos que vieram de crimes (Foto: Paulo Francis)

No primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022, dados da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) de Mato Grosso do Sul indicam redução de 29,1% nos furtos de veículos e de 10,4% nos roubos de veículos. A Operação Metrópoles, realizada pela Polícia Civil, é vista como uma das principais responsáveis por esse resultado.

Em entrevista ao Campo Grande News, o delegado titular da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), Ricardo Meirelles, ressaltou a satisfação com os números alcançados. "Os números são bons, estamos felizes com o resultado. A gente sabe que tem muita coisa ainda para se fazer, mas a gente percebeu que está indo no caminho certo”.

Cuidados da população 

Apesar dos avanços, o delegado reforçou a importância de cuidados por parte da população para evitar tornar-se vítima desses crimes. Ele orientou que as pessoas invistam em seguros ou estacionamentos privados, caso possuam condições financeiras. “Se puderem investir em um seguro, contrate um. Se a pessoa não tem condições de pagar, mas tem condições de investir em um estacionamento particular, por exemplo, para que ela não deixe em via pública, pague o estacionamento”.

Se ainda assim não houver condições, a pessoa deve deixar o veículo em locais com boa iluminação, no período noturno, e no diurno, em locais com movimentação de pessoas, com circulação de pessoas. É possível também tentar investir em algum tipo de trava de segurança ou proteção, por exemplo”, disse o delegado da Defurv, Ricardo Meirelles.

Além disso, deixar o veículo em locais com boa iluminação e circulação de pessoas, utilizar dispositivos de segurança e evitar deixar objetos de valor à vista no carro foram outras dicas fornecidas. “Se a pessoa não tem nenhuma possibilidade de colocar, que ela pelo menos não deixe o veículo por tantas horas em um local deserto”.

“É importante evitar objetos dentro do carro, porque chamam a atenção desses criminosos deixar bolsas e sacolas. Tanto no veículo quanto na sua casa, se você deixa na frente do seu imóvel objetos de valor, isso vai despertar a ação de criminosos que muitas vezes estão transitando por regiões de Campo Grande procurando um alvo, uma oportunidade mais fácil".

Titular da da Defurv, Ricardo Meirelles, durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)
Titular da da Defurv, Ricardo Meirelles, durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)

É importante ressaltar que a compra de veículos em canais informais, como plataformas de e-commerce e redes sociais, pode ser arriscada. Os criminosos utilizam essas plataformas para anunciar veículos adulterados ou roubados.

Portanto, é fundamental que os consumidores verifiquem a procedência dos veículos e desconfiem de ofertas muito abaixo do valor de mercado. “Os locais de venda são os mais variados, mas boa parte hoje em dia é pela internet. Plataformas de e-commerce de redes sociais, grupos de WhatsApp ou Facebook, por exemplo”.

“Qualquer tipo de rede social com possibilidade de negociação de mercadorias é um canal de negociação de veículos roubados. Quanto mais informal o anúncio, mais a gente alerta a pessoa. Não é o site ou rede específica que ela tem que se preocupar, ela deve se preocupar com a informalidade que está sendo negociado aquele veículo. Essa é a questão que a pessoa tem que ter atenção.”

Meirelles alerta que a aquisição de veículos sem documentação adequada pode configurar o crime de receptação, resultando em consequências criminais para o comprador. “O cliente vai adquirir um veículo em que não há nenhuma forma de se checar a procedência? Se a pessoa não tem nenhuma documentação daquele veículo, deve acender uma luz de alerta para aquela pessoa que está adquirindo”.

“Não podemos acreditar simplesmente na história que a pessoa está contando sobre a origem. Então, se a gente deixar isso de lado e pensar apenas no ganho material que a gente vai ter (porque aqueles veículos são vendidos muito abaixo do valor de mercado), a pessoa fica com uma ilusão de que está ganhando, mas na verdade, ela está perdendo por diversos motivos, porque ela está adquirindo um patrimônio que não é dela. Ela vai responder criminalmente pelo crime de receptação culposa ou dolosa, dependendo da intensidade de que ela sabia ou não da origem. Ela pensa que está fazendo um bom negócio, mas na verdade ela é um péssimo negócio.”

O delegado destacou a importância de uma negociação correta, em que sejam observadas todas as garantias e procedimentos legais na aquisição de um patrimônio. “A gente tem que dar a nossa contribuição como cidadão a todo momento. Quando a gente vai adquirir patrimônio, a gente tem que se cercar de uma série de garantias para fazer um negócio justo e liso”.

Onde acontecem mais crimes?

Segundo Meirelles, a Polícia Civil está atenta para os locais de maior incidência dos crimes. “A gente já tem um mapeamento da cidade onde os principais pontos para comprar esses automóveis. Nós temos o rastreamento de todos os pontos da cidade, mas não divulgamos desses pontos, até para não ter prejuízo às áreas residencial ou comercial, em questão de valorização imobiliária".

O perfil que nós temos é o perfil da oportunidade. Se está num local que favoreça a ação de criminosos, que eles possam agir com tranquilidade, um local onde tem baixa iluminação, um local deserto com pouca circulação de pessoas, é claro que vai favorecer a ação de criminosos”, explica o delegado da Defurv, Ricardo Meirelles.

O delegado explica que a Operação Metrópole, até pelo nome, visa uma maior incidência dos trabalhos na Capital. “Ela tem atribuição sobre todo o Estado, mas nessa primeira fase, preferimos concentrar aqui na Capital, até para termos um trabalho piloto. E aí veremos como se daria essa redução e o êxito das nossas ações”.

“As motocicletas, no entanto, têm uma predileção. Realmente temos um número superior de furtos de motocicletas em relação aos veículos automotores, até pela fácil liquidez. Rapidamente, elas são compradas no mercado informal”.

Prédio da Delegacia Especializada Especializada de Roubos e Furtos de Veículos (Foto: Paulo Francis)
Prédio da Delegacia Especializada Especializada de Roubos e Furtos de Veículos (Foto: Paulo Francis)

Investigações policiais

No primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022, a Defurv registrou aumento de 62,11% no número de inquéritos policiais relacionados a roubos e furtos em Campo Grande.

Do total de investigações, houve aumento de 80,91% no número de inquéritos concluídos e encaminhados ao Poder Judiciário.

Nesse período, 798 veículos foram restituídos ou apreendidos pela Polícia Civil. “Aumentamos as investigações mas nós também concluímos mais investigações. Isso quer dizer que a polícia não está apenas abrindo investigações. O objetivo é abrir a investigação e finalizar. A gente quer chegar e manter um trabalho de qualidade”, disse Meirelles.

A Defurv apresentou o balanço semestral da Operação Metrópole, iniciada em janeiro deste ano, que visa combater furto, receptação e roubo de veículos em Campo Grande.

Neste período, foram realizadas 38 etapas da operação, incluindo blitz, vistorias e buscas em locais previamente identificados. Foram recuperados 42 veículos e ocorreram 27 prisões em flagrante.

Segundo Meirelles, a operação foi implementada como um conjunto de ações. O foco das atividades foi tanto o crime inicial, como o furto ou roubo, quanto a parte final, quando ocorrem adulterações no veículo para mascarar sua origem criminosa e, posteriormente, reintegrá-lo ao mercado. “Depois que houve o furto de veículo, a placa é trocada, é feita uma alteração no chassi para mascarar um crime antecedente, por exemplo”.

"A gente tem combatido muito a questão da receptação dolosa e culposa de pessoas que adquirem veículos acreditando que são legais. São veículos que estão com problema de documentação e muitas vezes os clientes estão sendo iludidos. Estão comprando veículos que são oriundos de um furto de um crime anterior", explicou o titular da Defurv.

A operação 

A Operação Metrópoles continua em vigor e será mantida no segundo semestre deste ano, segundo o delegado. “A operação continua neste segundo semestre, mas percebemos que era importante passar à sociedade uma visão do que já tem sido feito, o que tem sido realizado”.

“É muito trabalhoso, para a gente chegar na vítima e fazer essa restituição, é um trabalho diário. Por mês, centenas de veículos são encaminhados às vítimas ou ao Detran [Departamento Estadual de Trânsito], porque há veículos que dependendo do tipo de avarias que ele sofreu ou do tipo de adulteração, ele não pode ser entregue para a vítima, mas cientificamos essa vítima e encaminhamos para o Detran para regularização. Os veículos que tenham a mínima possibilidade de restituição, nós já fazemos a restituição."

A operação tem blitz em períodos noturnos, vistorias em estabelecimentos comerciais como ferro-velhos e oficinas mecânicas, além de abordagens em pontos de grande circulação de veículos oriundos de roubos.

“Nosso combate tem sido em todas as linhas, o que inclui o trabalho de inteligência e de investigação e rastreamos os principais pontos, onde estão ocorrendo furtos de veículos na Capital e os locais onde esses veículos estão sendo transformados, colocados placas frias. Eles são reintegrados depois para a sociedade e às pessoas, então a gente tem de fazer um trabalho educativo, para que as pessoas não adquiram esses veículos, mas também um trabalho repressivo”, finaliza.

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