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Cidades

Depois de quase 1 ano na rotina, resistência a máscara volta a causar briga

Só na semana que passou, Mato Grosso do Sul teve dois casos que terminaram em pancadaria na recusa da máscara

Paula Maciulevicius Brasil | 07/02/2021 11:55
Depois de quase 1 ano na rotina, resistência a máscara volta a causar briga
Uso de máscara é obrigatório em Campo Grande desde junho do ano passado e ainda assim, tem quem se recuse. (Foto: Arquivo/Henrique Kawaminami)

Já são 11 meses de pandemia e pelo menos oito do uso obrigatório de máscaras em espaços públicos e privados na Campo Grande e ainda assim há quem desobedeça o decreto e teime em adentrar locais sem a proteção. Só na semana que passou, Mato Grosso do Sul protagonizou duas situações que terminaram em violência e ganharam os noticiários.

O primeiro caso foi de um radialista de 39 anos, agredido com um soco no olho direito, em frente à UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) Azaléia na última quinta-feira (4). O motivo do soco, conforme o próprio radialista, Oswaldo Ferreira Benites Junior, foi que ele não estava usando a máscara.

Depois de quase 1 ano na rotina, resistência a máscara volta a causar briga
Radialista diz que foi agredido por não usar máscara. Em sua defesa, ele alega rinite alérgica e por isso acredita que estaria dispensado do uso. (Foto: Reprodução/Vídeo)

Em depoimento gravado e divulgado por ele, a justificativa para não usar máscara é: rinite. "Eu tenho problema com rinite alérgica e tenho sintomas que agravam com o uso da máscara. Tenho atestado médico confirmando esse problema de saúde", diz o radialista.

Oswaldo alegou ter sido ameaçado e agredido. Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), disse que ao ser questionado por uma servidora, o paciente passou a agredir verbalmente a equipe, sob argumento de que ele não precisava fazer o uso do item de proteção, contrariando o decreto municipal que determina a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos públicos do município.

Conforme a nota, "uma pessoa que estava na unidade teria se incomodado com a situação e se dirigiu em direção do rapaz o questionando sobre a sua atitude, momento em que ele  teria se alterado mais uma vez tendo o mesmo revidado com um soco para o afastar".

O segundo episódio foi na cidade de Corumbá, 419 quilômetros distante de Campo Grande. Na sexta-feira (5), uma mulher de 52 anos foi retirada na marra pela Polícia Militar da Santa Casa. A confusão aconteceu também pela falta de máscara. A avó foi ao hospital visitar a neta recém-nascida sem máscara.

Segundo o boletim de ocorrência, a avó foi acompanhada do pai, os dois não usavam máscara e ficaram no quarto onde estava o bebê. O assessor executivo da Santa Casa chamou a polícia, informando que além de não terem autorização para estar no quarto, a dupla atrapalhava os procedimentos médicos.

Imagens mostram que a Polícia Militar usou força para retirar a mulher de 52 anos que sob gritos, foi arrastada pelo pescoço para fora do hospital.

Outros exemplos - A situação tem se repetido com frequência e transformado em "vilã" a comerciante Danila Lima, de 36 anos. Proprietária de um mercado no Bairro Danúbio Azul, em Campo Grande, ela conta que vê dezenas de cenas como essas, de pessoas sem máscara, todos os dias na porta do mercado.

"É difícil, porque as pessoas não entendem o motivo para o uso. Acham que é só para seguir regra, mas não veem como proteção. Tem muito viés político, as pessoas se inspiram nas lideranças que diminuem o poder de morte da doença", acredita.

A comerciante relata que já perdeu a paciência algumas vezes, mas não a ponto de partir para a violência. "Eles ficam irritados por não poderem entrar e acabam falando desaforos. Inclusive que eu preciso ter máscara para dar aos clientes, já que 'eu exijo que usem", descreve, como se fosse uma exigência dela e não das autoridades.

Depois de quase 1 ano na rotina, resistência a máscara volta a causar briga
Uso de máscara é recomendação dos especialistas desde o início da pandemia. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

"Como eu estou em um bairro mais periférico, outros comércios não cobram máscara e eu acabo ficando como vilã", completa.

A falta de consciência e o descumprimento ao decreto municipal fez com que uma família mudasse a mãe de quarto no hospital porque a acompanhante do paciente que dividia o mesmo espaço também insistia em não usar a máscara.

A família que pede para não ser identificada narra que a cuidadora do paciente carregava a máscara no bolso e não era nada amigável diante das cobranças pelo seu uso. "Eu uso quando dá", disse rispidamente. Os familiares tentaram não criar um atrito direto e acionaram a equipe de enfermagem que foi até o quarto conversar. "E ela respondeu que não queria usar e que quando estava em outro quarto ninguém exigia e como ali só lidava com a paciente dela, estava tudo bem", lembra a família.

Uma segunda reclamação foi feita e outro profissional da área de enfermagem veio falar novamente. "A acompanhante se comprometeu a usar, mas questionou a necessidade. Nós optamos por levar o caso à ouvidoria do hospital para que fosse tomadas as providências e que se fosse preciso, até a mudança de quarto", conta uma das filhas da paciente. No mesmo dia, a mãe que dividia o quarto com a acompanhante do outro paciente foi transferida para outro ambiente.

"Nossa mãe foi mudada de quarto, além da acompanhante ter tido uma orientação mais enérgica. Resolveu um problema, mas a gente ficou pensando na falta de bom senso das pessoas que insistem em não usar equipamento que todo mundo sabe que dentro de um hospital deveria ser rotina para não levar a covid para quem já está acamado. Me choquei com o absurdo da situação", descreveu.

Depois de quase 1 ano na rotina, resistência a máscara volta a causar briga
Máscaras funcionam como uma barreira física para a liberação de gotículas no ar quando há tosse, espirros e até mesmo durante conversas. (Foto: Arquivo/Kísie Ainoã)

Sem contraindicação -  Em entrevista ao Campo Grande News na sexta-feira (5), o médico alergista Leandro da Silva Britto foi enfático ao dizer que não existe contraindicação para pacientes com rinite alérgica ou qualquer outra alergia não fazerem o uso de máscara.

"O benefício de usar a máscara de proteção facial é muito maior do que o risco de agravamento dos sintomas de qualquer alergia que a pessoa tenha. Se estiver com crise alérgica, fique em casa, mas não se exponha sem utilizar a proteção", complementou o especialista.

O uso da máscara se tornou obrigatoriedade em espaços públicos e privados de Campo Grande desde 18 de junho de 2020, com o decreto publicado no Diogrande. A máscara só não é obrigatória em crianças até 4 anos e durante atividade física ou por pessoas com deficiência intelectual ou transtornos psicossociais.

As máscaras funcionam como uma barreira física para a liberação de gotículas no ar quando há tosse, espirros e até mesmo durante conversas. Seu uso é importante principalmente em locais em que não é possível manter uma distância mínima de segurança.

A recomendação de uso de máscaras em larga escala tem como base a proteção coletiva, uma vez que muitas pessoas estão infectadas e ainda não apresentaram sintomas da doença.

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