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Cidades

Dono de tripla nacionalidade, “Fantasma” fica preso na Capital até extradição

Preso em MS, acusado de tráfico na Argentina teve a prisão preventiva decretada e terá celulares vasculhados

Anahi Zurutuza | 29/03/2023 20:10
Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso pela PRF em abordagem de rotina. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso pela PRF em abordagem de rotina. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Preso em flagrante com documento falso, em rodovia de Mato Grosso do Sul, Jorge Adalid Granier Ruiz, conhecido na Argentina como “Narcofantasma” ou “Nono”, ficará preso por tempo indeterminado em Campo Grande. Ele passou por audiência de custódia, nesta quarta-feira (29), e fica na Capital até segunda ordem, transferência, extradição ou liberdade.

Dono de tripla nacionalidade (argentina, paraguaia e boliviana), “Fantasma” tinha o nome na lista da difusão vermelha da Interpol (Polícia Internacional). O juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, decidiu pela conversão do flagrante em prisão preventiva pelo risco de fuga. “Com relação à garantia de aplicação da lei penal, sendo pessoa não nacional e sem qualquer vínculo com o território, facilmente conseguiria se evadir - não sendo apenas questão meditativa - e sair do território pátrio para algum país vizinho”, registrou o magistrado na sentença.

Por ser considerado homem de alta periculosidade, a audiência para verificar a legalidade do flagrante, nesta tarde, foi realizada por videoconferência. A PF (Polícia Federal) argumentou que o deslocamento do preso até a 3ª Vara Federal demandaria esforço logístico incomum. O foragido da Justiça argentina nasceu na Bolívia e não fala português. Por isso, contou com a ajuda de intérprete para ouvir o que estava sendo dito pelo juiz, pela acusação e pela defesa, mas se manteve em silêncio.

Além da decretação da prisão preventiva, o juiz Bruno Cezar quebrou o sigilo telefônico de Granier Ruiz, autorizando que a PF vasculhe os aparelhos celulares apreendidos com “Fantasma”, a mulher que o acompanhava, Marianne Villacicencio Roca, e o motorista, Valdeson Pereira dos Santos.

No Brasil, o boliviano responderá pelo crime de falsidade ideológica, por ser pego com documentos em nome de Jorge Mendez Ardaya, boliviano que morreu em 2012, na BR-163. Também na tarde desta quarta-feira, o MPF (Ministério Público Federal) ofereceu denúncia contra “Fantasma”, que virou réu em processo que tramitará na Justiça Federal brasileira.

Um dos documentos falsos apreendidos com "Fantasma". (Foto: Paulo Francis)
Um dos documentos falsos apreendidos com "Fantasma". (Foto: Paulo Francis)

Defesa – Ontem mesmo, após ser preso pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e depois entregue à PF, a família do estrangeiro contratou advogado para representá-lo em Mato Grosso do Sul. Haroldson Zatorre diz que recorrerá da ordem de prisão preventiva e afirma que o cliente nega as acusações de ligação com o tráfico internacional de cocaína. “Ele é empresário, tem seis filhos, a família mora na Bolívia e diz que as acusações feitas contra ele são meras ilações da polícia e Justiça argentinas. Ainda vou analisar a condição jurídica, sei que tem acusações e ficou foragido, mas de fato, nunca foi condenado”.

A defesa alega também que Granier Ruiz tem condição especial de saúde e que a prisão poderia ser substituída por medidas cautelares. “Ele é bariátrico e tem vários problemas de saúde”.

O flagrante – A PRF prendeu “Fantasma”, na manhã desta terça-feira (28), durante abordagem de rotina a uma Toyota Hilux em Jaraguari – cidade a 44 km de Campo Grande. Nem armado o homem acusado de ser um “megatraficante” estava.

Os documentos falsos – identidades e passaporte –, segundo Granier, foram comprados em Belém do Pará por quase R$ 6 mil dólares.

Ele contou ainda aos policiais que a mudança na aparência o ajudou a transitar sem ser reconhecido. Como era obeso, se submeteu à cirurgia bariátrica e logo depois passou por lipoaspiração, procedimentos que o deixaram bem mais magro, modificando totalmente sua fisionomia.

O nome “Fantasma” surgiu pela discrição. Até pouco tempo, o rosto do homem nem era conhecido e ele nunca aparecia nem em fotos.

Segundo um relatório da DEA (Drug Enforcement Administration), que é a agência antidrogas dos Estados Unidos, Granier é responsável por uma estrutura dedicada ao transporte de cocaína em pequenos aviões da Bolívia e do Paraguai para a Argentina. Fora do submundo, o que se sabe é que ele é um é um empresário boliviano, nascido em San Borja (Bolívia), em 11 de dezembro de 1979.

A Interpol em Brasília (DF) foi comunicada da prisão e acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para tocar os trâmites de extradição.

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